O Projeto Educação Patrimonial: Perspectivas Multidisciplinares, iniciativa do Mestrado
No último dia 13 ocorreram as apresentações com enfoque na arqueologia, com Luciana da Silva Peixoto e Nadja Ferreira Santos, tendo como local de partida a Biblioteca Pública, onde o diretor de Patrimônio Cultural, João Alberto Dias dos Santos falou sobre a instituição, bem como disponibilizou material informativo.
O grupo que participa do curso tem o seguinte perfil: metade é composto por professores da Rede Pública Municipal, e o restante divide-se entre acadêmicos e os mais diversos profissionais, como jornalista, ambientalista, músico, servidor público, dentre outros. Destaca-se o fato de a proposta de educação patrimonial atender um público adulto, com o caráter de multiplicador social, como é o caso dos professores, mas também outros profissionais e acadêmicos, de forma que os bens patrimoniais e a memória social de diversos grupos possam ser conhecidos e salvaguardados por todos.
Na segunda parte da manhã do dia 13 o grupo dirigiu-se ao Casarão 2, atual Secretaria Municipal de Cultura, onde ocorreram prospecções arqueológicas. E, por fim, o restaurador Fabio Gali iniciou sua explanação sobre a técnica do restauro e de materiais, finalizando este dia de intensa formação junto ao Casarão 8 (rua Félix da Cunha, esquina rua Barão de Butuí). Nessa oportunidade, os participantes tiveram acesso a um imóvel pouco conhecido internamente pela população da cidade de Pelotas, que foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no ano de 1977, e é atualmente objeto de restauro e também local onde foi realizado salvamento arqueológico.
O momento em que o conhecimento acadêmico, entrelaçado com os fazeres e saberes do restauro e a experiência de vida dos que ali estavam, produziu um momento muito interessante. “Quando a discussão levantada sobre as escolhas envolvidas nos materiais utilizados entramos no campo necessário da política, e da politização do patrimônio, quando avançamos na origem da casa e nos vestígios materiais ali existentes, encontramos a história e memórias dos que ali construíram e viveram suas vidas, ou passaram em algum momento”, relata um dos participantes.
Entre eles, uma pessoa que ali trabalhou nos anos sessenta, quando a casa teve uma função militar até início dos anos setenta, e outra nos idos dos anos setenta, quando o imóvel foi utilizado pela UFPel. Conjugando os relatos, foi possível descobrir que naqueles porões passaram presos políticos durante a regime da ditadura militar – no fundo da casa existem marcos geográficos, que confirmam.
A conclusão é a de que a memória social dos grupos que passam pela cidade e em seus bens patrimoniais não pode ser silenciada, e deve ser valorizada pelas narrativas e pelo conhecimento existente, produzindo, assim, sentido para a coletividade e traduzindo a Cidade como Patrimônio.
O próximo encontro será neste sábado(27), com os trabalhos dos mestrandos Leandro Ramos Betemps – “Traços Culturais e Desenvolvimento social: A herança dos Franceses
A saída será em frente ao prédio do Mestrado