Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Estudo avalia obesidade abdominal em adultos jovens

22 de Junho de 2009

A pesquisa de tese, realizada pelo doutorando em epidemiologia, David González, com a orientação do professor Cesar Victora, no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia (PPGE/UFPel), avaliou o efeito das condições sociodemográficas e do crescimento precoce sobre a obesidade abdominal em adultos jovens - entre pessoas nascidas em Pelotas no ano de 1982 e que foram visitadas em 2006. A defesa da tese será realizada nesta terça-feira(23) às 14h.
Financiado pela Capes e pela fundação inglesa Wellcome Trust, o estudo alerta para os ricos da obesidade, em crescimento cada vez mais acentuado, e que podem ser, pelo menos em parte, decorrentes do que aconteceu na infância.
A obesidade pode ser considerada como o acúmulo ou excesso de gordura corporal numa quantidade que traga prejuízos a nossa saúde A gordura pode estar depositada debaixo da pele (gordura subcutânea) ou ser mais profunda, principalmente dentro do abdômen (gordura visceral). Essa distribuição é importante, uma vez que a gordura visceral está associada a maiores problemas de saúde. Por este motivo, a obesidade abdominal (cintura de mais 80 cm para as mulheres e mais de 94 cm para os homens) é considerada de maior risco para doenças cardiovasculares.
Considerada como doença desde 1985, a obesidade vem merecendo atenção cada vez maior por parte dos médicos e instituições de saúde pelos problemas de saúde associados como diabetes mellitus, hipertensão arterial, doenças cardíacas, distúrbios respiratórios e do sono, além da artrose. Tal fato decorre do número cada vez maior de obesos observado em todo o mundo, inclusive no Brasil. Esse aumento mundial da obesidade vem sendo notado desde a revolução tecnológica que inseriu novos hábitos de vida e de alimentação para o ser humano.
Na pesquisa foi descoberto que um a cada dez pelotenses padecem de obesidade abdominal, sendo que entre os homens a circunferência da cintura foi maior entre aqueles com melhor renda familiar. Já entre as mulheres a obesidade abdominal foi mais freqüente entre aquelas com baixo poder aquisitivo. O modelo encontrado no sexo feminino resulta muito similar ao que acontece em países mais ricos, onde as classes menos favorecidas têm maiores níveis de obesidade devido a incorporação de hábitos alimentares nocivos (excesso de frituras, alimentos processados e bebidas açucaradas) sem aumento nos níveis de atividade física. E o fato de a obesidade estar se tornando uma doença que afeta mais às pessoas pobres é uma realidade que vem sendo observada de forma mais frequente em todo o Brasil.
Além das condições atuais, o estudo revelou também que condições de vida desde o nascimento podem afetar os níveis de obesidade abdominal na vida adulta. Resultados do estudo mostraram que ganhar muito peso depois do segundo ano de vida e na adolescência é prejudicial para a saúde, pois aumenta os níveis de obesidade abdominal na vida adulta. Por outro lado, o ganho de peso nos dois primeiros anos de vida se mostrou benéfico para a formação do quadril, o que teria um efeito positivo para a saúde na vida adulta ao estimular a acumulação de massa muscular, conhecido fator de proteção para doenças cardiovasculares. A obesidade em adultos, portanto, poderia ser reduzida evitando que crianças de quatro anos ou mais ganhassem peso rapidamente.
Os resultados do estudo sugerem que as medidas de saúde pública direcionadas ao combate da obesidade e das doenças cardiovasculares, além de enfocar nos fatores contemporâneos como sedentarismo e hábitos nutricionais da população, deveriam também considerar a importância das condições socioeconômicas e do ganho de peso desde os primeiros anos de vida.

Seção: Notícias