Sob impulso de convênio existente entre os governos brasileiro e espanhol, respectivamente representados pela Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), ligada ao Ministério da Educação, e a Direção Geral das Universidades Espanholas (ligada ao Ministério de Ciência e Inovação), desenvolve-se projeto de cooperação científica internacional, integrando ainda a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) como entidade parceira. Entre mais de uma centena de candidaturas, foram aprovados 30 projetos que foram escolhidos em reunião de pesquisadores hispânicos e brasileiros, realizada no final de novembro de 2008, em Madri, sendo três delas propostas por universidades gaúchas (UFPel, UFRGS e PUC).
O projeto de cooperação científica da UFPel é coordenado pelo professor dr. Flávio Sacco dos Anjos, do Departamento de Ciências Sociais Agrárias e Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem/UFPel), e intitula-se “As Indicações Geográficas como instrumento de desenvolvimento territorial”, o qual prevê a realização de estágios pós-doutorais e doutorados sanduiches na Espanha e de missões de trabalho a serem realizadas na Universidade de Sevilha, Andaluzia, representada pela professora dra. Encarnación Aguilar.
A primeira missão de trabalho irá ocorrer entre os dias 15 e 30 de março, pelo professor Flávio Sacco dos Anjos, cuja equipe integra outros pesquisadores da UFPel como os professores Antônio Jorge Amaral Bezerra, Mário Duarte Canever, Nádia Velleda Caldas, além de pesquisadores da UFSM, representada por José Marcos Fröehlich, Joselini Pippi e Pedro Selvino Neumann. O projeto prevê a vinda de pesquisadores espanhóis em missões de estudo e trabalho ao estado do Rio Grande do Sul no biênio 2009-2010.
As indicações geográficas e denominações de origem, conforme o professor Sacco dos Anjos, são muito importantes na Europa, do ponto de vista do resgate dos vínculos entre a produção e o território. “A União Européia tem investido na busca de alternativas aos problemas gerados pelo produtivismo e geração de excedentes na agricultura, dentro do que ficou conhecido como novos enfoques para o desenvolvimento territorial. Esse caminho passa pelo apoio às indicações geográficas e denominações de origem e os estímulos ao empreendedorismo rural”, observou o coordenador.
Para o docente da Faem, exemplos clássicos podem ser vistos no caso dos vinhos Montilla-Morilles e tipo Jerez na região da Andalucía, no Sul da Espanha. No Brasil, considera o professor da UFPel, esse tipo de iniciativa começa a surgir, tendo como exemplos os vinhos do Vale dos Vinhedos, a carne do Pampa ou o café dos Cerrados. O foco do projeto é o de confrontar essas experiências e avaliar seu potencial no sentido de avançar no processo de desenvolvimento, propiciando aos pesquisadores espanhóis a oportunidade de conhecer as iniciativas levadas a cabo no Brasil, particularmente no caso do Rio Grande do Sul, assim como dos brasileiros tomarem contato com a realidade espanhola e particularmente na Andaluzia.
