Considerando o crescente predomínio das doenças cardiovasculares na população de vários países, e também de Pelotas, o doutorando do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da UFPel Marcelo Capilheira, sob a orientação da professora Iná S. Santos, avaliou como a prevenção dessas doenças é abordada durante as consultas médicas na rede de postos de saúde da cidade.
Foram visitados 28 postos e analisados 422 atendimentos médicos de pacientes adultos, que consultaram com alguma queixa relacionada a doenças cardiovasculares. Mais da metade deles recebeu alguma recomendação de mudança de estilo de vida. A diminuição do peso foi a recomendação feita com mais freqüência, seguida da promoção da atividade física e redução do consumo de frituras, gorduras e sal.
O pesquisador ressalta que, mais importante do que afastar fatores de risco para indivíduos que já apresentam a doença, é preveni-los em quem ainda não adoeceu, o que os médicos chamam de prevenção primária. Manter o peso ideal, fazer atividade física e não fumar são comportamentos que protegem não apenas contra as doenças do coração e os derrames cerebrais, mas também contra vários tipos de câncer.
Segundo a pesquisa, o setor saúde faz menos prevenção primária do que seria possível. As pessoas que consultaram por vários problemas, como doenças agudas, atestados de saúde entre outros, ouviram menos recomendações do que os que já apresentam doença cardiovascular.
Capilheira sugere que se planeje e teste, em parceria com os profissionais da rede, uma intervenção específica para prevenção de doenças crônicas, que seja efetiva, rápida e de fácil execução. “Enquanto isso, a população deveria, ao consultar seu médico, perguntar sobre como adquirir hábitos saudáveis. Certamente, se o paciente mostrar-se interessado em melhorar sua alimentação ou em fazer atividade física, o médico, ou outro profissional de saúde, terá uma motivação extra para a prevenção primária”, diz o doutorando. Ele ressalta que o paciente, ao ouvir uma recomendação do tipo “faça exercícios”, imediatamente deve perguntar “Como? Qual? Com que intensidade? Por quanto tempo?”. A tese será defendida às 9h desta sexta-feira(19), no auditório Kurt Kloetzel do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel. Formarão a banca os professores Iná dos Santos, Maria Cecília Assumpção, Juvenal Soares Dias da Costa e Raul Sassi.