O presidente da Associação Médica de Pelotas, Nelson Lemos Duarte da Silva, lançou nota de apoio ao reitor Cesar Borges. Confira:
“Pelotas presenciou, atônita, o crescimento inusitado da Universidade Federal. Exclamações surgiram, elogios também, vários prédios históricos foram reformados e transformados em novos espaços e cursos.
Isso refletiu, sem dúvidas, no crescimento do próprio Município, também considerado cidade universitária. Se falhas na legislação foram cometidas, acredito que, por certo, o Médico Antônio Cesar Gonçalves Borges, emérito professor e reitor, esperamos saiba explicar.
Sinto-me pessoalmente ferido pela sua condenação, por ter absoluta certeza de que nada fez buscando vantagem pessoal, menos ainda locupletar-se. Acreditamos, médicos de Pelotas, que o Dr. Antônio deu vazão aos seus ideais de ver crescer a Cidade e a Universidade, e o fez como nunca antes se viu. Devemos a este brilhante profissional toda esta dedicação, que merece ser considerada no contexto global do seu trabalho.
A legislação, se desrespeitada foi, deve ser analisada com seus prós e contras. É importante averiguar o caso com a individualidade que merece para evitar que, usando uma mentalidade protocolar, seja inibido o desenvolvimento da região e prejudicado o bem comum. O tema jurídico merece ser analisado por nós médicos.
Ficamos com a constatação de que a polêmica atitude, julgada ilegal , diz respeito à medicina e sua prática. O ato de precipitar o credenciamento de uma clínica de nefrologia, de diálises, foi considerado ilegal, pois ausente a devida licitação. É um procedimento médico mantenedor da vida, e por isso ousamos pedir ao Judiciário, com a máxima cautela, uma visão benevolente para o assunto. Queremos crer no envolvimento emocional da atitude de um médico (acima de tudo!) ao lidar com tais situações, em face da conotação de salvar vidas.
Preocupa-nos sobremaneira o desenrolar de tal punição no futuro da prática médica, quem sabe inibindo os jovens profissionais de terem atitudes heróicas e salvadoras, tema do nosso cotidiano. Emitir opinião abre meu coração às críticas dos colegas e da comunidade. Confio que as críticas serão muito mais suaves que as culpas que carrego pelos meus erros e falhas.
Não escondo meus erros porque, se não enfrentá-los, jamais crescerei. Necessário que nossa classe se una sobre as questões comunitárias e ame o debate com candura e moderação, não para acender fogueiras de vaidades, mas para iluminar nossos caminhos.
O procedimento licitatório existe para dar legalidade e moralidade à administração pública. Deve ser seguido pelo administrador, sob pena do risco de contratações ilegais, com eventual desvio de recursos ou, até mesmo, menos vantajosas ao Poder Público.
O Judiciário normalmente analisa essas questões sob o prisma da legalidade. E mais, muitas vezes o processo revela coisas que jamais imaginamos. Por mais que a intenção de uma pessoa seja boa , determinados procedimentos existem para ser assegurados, sob pena de cada um seguir seu coração , fazer o que acha melhor e, até mesmo, subverter o sistema.
Nelson Lemos Duarte da Silva, Presidente da Associação Médica de Pelotas.”