Pesquisa realizada no Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas objetivou avaliar a adequação do atendimento antirrábico humano pós-exposição, realizados nos serviços de saúde de Pelotas, visando verificar se a profilaxia (vacina e soro antirrábicos) está sendo utilizada em conformidade com o estabelecido na Norma Técnica para Tratamento Profilático Antirrábico Humano.
A pesquisa intitulada “Foco da profilaxia antirrábica humana pós-exposição em Pelotas - RS, 2007″ foi realizada pela aluna do mestrado profissional em Saúde Pública Baseada em Evidências Dóris Gómez Marcos Schuch, sob a orientação da professora Andréa Homsi Dâmaso e co-orientação da professora Vera Maria Vieira Paniz.
A raiva é uma doença de alta letalidade, transmitida ao homem pela inoculação do vírus rábico, presente na saliva e em secreções de animais infectados. A doença está controlada no estado do Rio Grande do Sul e não apresenta casos em humanos, desde 1981. Em Pelotas a doença em cães e gatos também está controlada há duas décadas, entretanto as ações de vigilância da raiva têm detectado a circulação do vírus em espécies silvestres, como em morcegos, por exemplo.
A profilaxia antirrábica destina-se a proteção de humanos com exposição ao vírus da raiva, através do uso de vacina e soro contra a raiva. Para a adequada utilização destes produtos existem protocolos estabelecidos pela Norma Técnica para Tratamento Profilático Antirrábico Humano, em conformidade com as diretrizes nacionais e internacionais preconizadas para a proteção em humanos, contra o vírus da raiva.
Os resultados do estudo revelam que menos da metade dos atendimentos foram realizados adequadamente e entre as doses de soros e vacinas administradas 68,7% estavam no foco, ou seja, estavam em conformidade com a Norma Técnica. O estudo também verificou a má qualidade do registro de informações nas Fichas de Atendimento Antirrábico, caracterizado principalmente pela falta de preenchimento de dados referentes ao agravo sofrido pelo paciente. As características dos atendimentos foram descritas de forma a instrumentalizar o planejamento das ações de prevenção aos agravos.
O estudo concluiu que apesar do expressivo uso de profilaxia verificado, sua indicação e utilização apresentam inadequações que podem comprometer a proteção desejada aos pacientes que buscam o serviço. Além disso, constatou que tais ações não previnem adequadamente os riscos a população de uma forma geral, uma vez que o atendimento individual apresenta-se desconectado das ações de prevenção a saúde coletiva.
As pesquisadoras preconizam a necessidade de qualificar o sistema de vigilância e controle da enfermidade, de forma que a prática do atendimento antirrábico humano esteja baseado nos critérios técnicos e científicos, garantindo igualmente as ações de proteção, prevenção e controle à saúde coletiva, com o uso racional dos recursos disponíveis.
A dissertação será defendida às 14h desta quarta-feira, formando a banca, além da orientadora, os professores Aluísio Barros e Lúcia Mardini.