No ano de 2007, foi realizado um estudo pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel, Suélen Cruz, orientada pela professora Helen Gonçalves, sobre violência urbana
O tema atualmente é um dos grandes problemas do Brasil, pois tem impacto na saúde dos indivíduos, causando medo e insegurança, e provocando traumas emocionais e psicológicos. Todos os participantes tinham idade igual ou superior a 20 anos e responderam a um questionário contendo informações sobre sexo, cor/raça, renda familiar, etc. Além destas perguntas, foi questionado se sofreram nos últimos 12 meses e nos últimos cinco anos alguma violência como furtos, roubos, agressões e furto/roubo à residência. Os resultados mostraram que ocorrência das violências urbanas investigadas na cidade foi de 28% nos últimos cinco anos e de 16,6% no último ano.
O tipo de violência urbana mais relatada foi o furto/roubo à residência (9,7%), ou seja, um a cada dez pelotenses teve sua casa furtada/roubada no último ano (2006/2007). O segundo crime mais comum, vitimando 6,0% da população, foram os furtos. Os roubos e as agressões, que são crimes que envolvem uso de violência, foram os menos freqüentes, com prevalências de 2,7% e 1,5%, respectivamente. Em relação a quem sofreu alguma das violências pesquisadas, encontrou-se que em Pelotas os homens são mais vitimados por roubos, assim como indivíduos mais jovens (20-29 anos) e os sem companheiro/a (esposo/a).
Mais da metade das pessoas que sofreram algum tipo de violência urbana no último ano não denunciou o crime à Polícia Civil de Pelotas, portanto não há um Boletim de Ocorrência (BO) sobre o crime sofrido. Entre os principais motivos apontados pelas vítimas para esse comportamento, destacaram-se: não confiar na polícia (57,7%); não conhecer o criminoso (25,5%); ter medo de sofrer retaliação do agressor (8,3%); e buscar resolver a situação de outra forma, por meios não legais (6,4%).
Os dados do estudo apontam que a violência é um problema também em cidades de porte médio. O conhecimento sobre sua dimensão é uma ferramenta importante para incrementar, executar ou criar políticas públicas de segurança e saúde locais mais efetivas, pautadas nas prioridades do município. A não notificação às autoridades colabora para a menor visibilidade da violência. Trabalhar a importância de notificar os crimes é uma tarefa a ser considerada pelas autoridades de segurança e saúde – ambos os setores atingidos por suas conseqüências.