Dando sequência às conversas mantidas com o Fórum Cotassim e outros movimentos sociais, para a efetiva aplicação do sistema de cotas sociais na UFPel, compromisso assumido pela atual gestão, foi realizado na segunda-feira(17) novo encontro, desta vez na Reitoria, com a presença dos integrantes do Fórum e das áreas ligadas à Graduação e Assistência Estudantil.
Na reunião, o reitor Mauro Del Pino fez um relato sobre o andamento do processo de implantação do sistema e justificou as dificuldades até aqui verificadas, mas que começarão a ser corrigidas a partir dos ingressos de inverno e, especialmente, na seleção de 2014. Ele descreveu as deficiências de pessoal no Departamento de Registros Acadêmicos (DRA) e a inexistência de uma metodologia para a operacionalização do sistema – situação encontrada pela nova gestão ao assumir a Reitoria, mas que começa a ser solucionada com a contratação de assistentes administrativos concursados e com a realização de uma força-tarefa para a montagem de um banco de dados.
A sistematização dos dados poderá subsidiar relatórios e tabelas e será feita a partir de uma ficha eletrônica com todas as informações pertinentes, que será alimentada pelo próprio aluno ao fazer a matrícula. Também está em elaboração, pelas pró-reitorias de Graduação e de Assistência Estudantil, um conjunto de políticas sobre o tema na Universidade.
Mauro Del Pino explicou que a não destinação de 40% das vagas para cotistas no ingresso de verão deveu-se à inobservância desse percentual pelo próprio Ministério da Educação no Processo de Seleção Unificada (Sisu), o que não deverá repetir-se nas próximas listagens e chamadas orais.
A diretora do DRA, Ediane Cunha, disse que há necessidade de adaptar os currículos, contemplando as diversas culturas étnicas. “Não basta prover ao estudante cotista recursos para compra de materiais pedagógicos se não promovermos sua inclusão social”, afirmou.
O sistema de cotas movimenta também a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Prae), que procura atender às novas demandas com um quadro funcional reduzido e limitações financeiras. Mesmo assim, houve aumento no número de programas: auxílio alimentação, auxílio transporte, auxílio pré-escolar, instrumental odontológico, auxílio moradia, moradia estudantil e auxílio deslocamento.
É consenso na UFPel a existência de políticas afirmativas em relação às comunidades minoritárias ou socialmente excluídas, como quilombolas e indígenas. Também é urgente um sistema de acompanhamento dos estudantes, pois é grande o índice de reprovação por mau aproveitamento escolar.
O ingresso na Universidade
No encontro, os representantes do Cotassim descreveram ações buscando garantir os percentuais mínimos de ingresso na UFPel e que a reserva de vaga se mantenha até a última etapa.
De sua parte, o reitor Mauro Del Pino tranquilizou o grupo ao fazer uma minuciosa exposição sobre a forma como a seleção se processará doravante. Deixou claro que os alunos cotistas poderão ser selecionados de duas formas: pelo sistema universal, se alcançarem o desempenho necessário no Enem, ou, num segundo momento, pelo sistema de cotas sociais.
Outro alternativa, já adotada por outras instituições e que poderá ser implementada pela UFPel, é a criação de vagas suplementares, destinadas a atender segmentos sociais específicos como indígenas e quilombolas. A PRG se comprometeu a fazer um levantamento dos cursos onde poderia haver esta disponibilidade, para, posteriormente, confrontá-la com as demandas dos movimentos sociais. Entretanto, as tratativas deverão seguir todas as instâncias de discussão no âmbito da Universidade.
Ao final do encontro, foi acertado o estabelecimento de uma agenda de trabalho entre o Fórum e a UFPel, coordenada pelo Núcleo de Apoio e Inclusão (Nai) e envolvendo outras áreas da Universidade, bem como a elaboração de materiais de divulgação junto a escolas da rede pública estadual e municipal sobre a política de cotas da instituição.