Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Morre o escritor e historiador Mário Osório Magalhães

19 de Setembro de 2012

mario-osorio-magalhaes.JPG Faleceu nesta quarta-feira (19), aos 62 anos, na Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, o escritor e historiador Mário Osório Magalhães. Sua carreira como docente da Universidade Federal de Pelotas está ligada ao Instituto de Ciências Humanas (ICH), do qual foi diretor por duas oportunidades, nos períodos de 1985 a 1989 e de 1998 a 2002. Apesar de ter lutado bravamente contra um câncer, o poeta não resistiu à doença.

Ao longo de sua brilhante trajetória como escritor, Mário Magalhães publicou quase duas dezenas de livros sobre a história da sua cidade natal e do seu Estado, incluindo o recém-lançado Pelotas Princesa – livro comemorativo ao bicentenário da cidade.

Sua última obra, lançada em junho, foi o livro Sob as bênçãos de São Francisco - História da Casa da Criança São Francisco de Paula, que retrata a trajetória da instituição, desde sua fundação até os anos recentes.

O corpo do historiador pelotense será velado na Biblioteca Pública de Pelotas. O sepultamento está previsto para as 17h, no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula.

O programa radiofônico Pelotas 13 Horas está disponibilizando em seu site a última entrevista, concedida no dia 11 de novembro de 2011, no endereço http://www.pelotas13horas.com.br/texto/menu–escute–acervo-de-programas

Em homenagem póstuma ao notável escritor, historiador e professor da UFPel, anexamos o poema de sua autoria, intitulado “Um Rastro”, impregnado das melhores lembranças de uma juventude intensamente vivida.

UM RASTRO
(Mário Osório Magalhães)

Naqueles dias era bom viver

- mas era bom demais…

Não se sabia bem o que escolher

como se Deus

(se existe Deus)

nos entregasse as chances que nos prometeu

todas de uma vez só…

Jogava a tal felicidade

de enxurrada à nossa porta

e a gente nem sabia o que fazer com ela.

Provavelmente ela

por muitas noites pernoitou lá fora

e nem sequer abrimos a janela.

Quando a gente acordava, ela se intrometia

de tal maneira que não se sabia

que caminho escolher, pois eram todos bons…

Ela nos conduzia.

Deitávamos tarde, e nem se percebia

quando todas as manhãs ela voltava

batia o ponto e se estabelecia…

A gente enxotava a tal felicidade!

Hoje ela foi-se embora

e foi-se embora recolhendo tudo

(como a gente, àquele tempo, recolhia

as cadeiras, os copos, a rede da varanda).

Alguma coisa ela botou no lixo,

alguma coisa guardou…

Um belo dia ela se foi, levando

Um pedaço da minha vida e um pedaço da tua vida.

E só deixou um rastro

e só deixou um traço

e só deixou uma pegada pra gente persegui-la…

E foi por isso que a gente envelheceu.

Naqueles dias era bom viver,

e se viveu…

Provavelmente se viveu demais.

Seção: Notícias