A temperatura da água era de quatro graus. O som de tambores emocionava o público presente. Lanchas transportavam fotógrafos, cinegrafistas e jornalistas de um lado ao outro do arroio Pelotas. Três candidatos a prefeito prestigiaram o evento histórico do primeiro ao último minuto. A “Travessia dos 200 anos”, idealizada pelo jornalista Clayton Rocha, presidente da Comissão UFPel 200 Anos de Pelotas, teve na emoção demonstrada pelas pessoas o seu ponto mais alto.
Pelotenses de todas as idades, dezenas de cinegrafistas e fotógrafos, emissoras de tevê e de rádio transformaram a Charqueada Boa Vista no “ponto nobre” do principal momento do Bicentenário. Convidado a abrir o evento, Clayton Rocha disse em seu discurso de três minutos que “Comissão UFPEL/200, Parque Gaúcho de Gramado, Sinduscon e Ato Produções promoveriam naquele momento uma viagem no tempo”. Emocionado, saudou o público presente e agradeceu pela presença do Sol, “sempre generoso, por tímido que seja, mas necessário para refletir – nas águas calmas e profundas do arroio Pelotas – esta cena plástica e emblemática, que passa a ser o referencial deste Bicentenário.” O jornalista disse ainda que “esta é a primeira manhã de uma Pelotas oficialmente com 200 anos”, e lembrou, ao saudar com entusiasmo o público presente, o profundo significado daquele momento, “quando começa, tendo todos nós por testemunhas, o 3º século de Pelotas”. Clayton Rocha disse que Beatriz Araújo, o médico Marcos Gomes, Rodrigo Schlee, Fernanda Valente de Souza, Jacques Reydams, Marina Gomes, Alejandro Marschall, mais a Guarda Municipal de Pelotas foram dedicados, incansáveis e responsáveis pela garantia daquele momento histórico.
Usando trajes da época, eles se aqueceram junto ao fogo de chão feito do outro lado do arroio Pelotas. Uma lancha levava e trazia funcionários do Parque Gaúcho de Gramado para a preparação da travessia. Na Charqueada Boa Vista, com exposição de peças de charque, umas 300 pessoas, de todas as idades, se aglomeravam junto ao arroio Pelotas. O número de cinegrafistas e de fotógrafos era “impressionante”. Três candidatos a prefeito participaram de todos os atos, e do concorrido almoço que terminou às 15 horas. Estavam lá o deputado federal Fernando Marroni, o vereador Eduardo Leite e o ex-deputado Matteo Chiarelli, além de candidatos a vice-prefeito. O prefeito Adolfo Antonio Fetter Júnior não compareceu ao ato festivo, considerado pelos presentes como o melhor momento do Bicentenário.
Durante a “viagem no tempo”, feita por Marcos Gomes e Rodrigo Schlee, o público não economizou os aplausos: eles foram homenageados com aplausos incessantes por um minuto e 48.8 centésimos, o tempo oficial da travessia (embora a TV, equivocada, tenha anunciado tempo de quatro minutos). As pessoas presentes ou choravam, ou davam demonstrações de forte emoção. Aquela era uma imagem histórica, nunca vista por eles, e que, de repente, com realismo, marcava fortemente o 7 de julho de 2012. Cada um levaria para casa este privilégio: o de ter fotografado com os próprios olhos, (a melhor maneira de guardar uma imagem forte) aquela “pelota” emblemática, de onde surgiu até mesmo o nome da Cidade de Pelotas. O couro do boi, feito barcaça de couro, cruzou “garboso” as águas calmas do Arroio da cidade, abrindo, para 330 mil pessoas, a população do lugar, o 3º Século da Princesa do Sul agora Bicentenária.