Na última sexta-feira(13), o Núcleo de Estudos Fronteiriços do Centro de Integração do Mercosul sediou o primeiro encontro do Ciclo de Palestras sobre a Praça Internacional, localizada na fronteira entre Santana do Livramento, no Brasil, e Rivera, Uruguai. O Ciclo de Palestras terá continuidade nas escolas de Livramento e Rivera, sob a coordenação da Comissão Binacional de Cultura Brasil-Uruguai e Rotary Clube Integração – Livramento, e ministradas pelo autor do livro A História da Praça Internacional, Nelson Ferreira Moreira.
Segundo relato do livro, para demarcar a linha da fronteira entre Serrilhada e Massoller, extensa região de planuras contínuas dos dois países Brasil e Uruguai, onde não existem cursos de água ou outros acidentes geográficos capazes de servir de referências, as Comissões Demarcadoras optaram por recorrer ao chamado “Divisor de Águas”. Daí a razão da forma irregular que caracteriza a linha limítrofe e de um dos principais questionamentos feitos por todos quantos visitam a fronteira. O chamado “Divisor de Águas” é a maneira mais justa para estabelecer os limites, pois não prejudicava a nenhuma das partes interessadas. Ele é definido como “uma linha teórica de menor caimento, que limita as terras drenadas por uma bacia fluvial de outra bacia fluvial”. Uma explicação mais fácil é a de que esse divisor de águas é estabelecido pela própria natureza. Quando a água da chuva, ao cair, corre uma parte para cada lado, determina a linha por onde deve passar a fronteira. Porém, ao atingir os subúrbios de Sant’Ana do Livramento e Rivera, a Comissão Demarcadora integrada por elementos de ambos os países verificou que não mais poderia manter a sinalização da fronteira pelo divisor de águas, conforme vinha sendo feito. A partir do chamado “Cerro do Caqueiro”, a linha demarcadora invadiria casas, cortaria terrenos e causaria outros problemas de natureza grave para as duas comunidades xifópagas, uma vez que as construções brasileiras e uruguaias se haviam aproximado demasiadamente. Dessa maneira, um trecho de aproximadamente quatro quilômetros ficou pendente para uma próxima definição. Finalmente, esse problema ficou definitivamente resolvido em 1923, ocasião em que foi sugerida a construção de um “Parque Internacional” na área existente entre Sant’Ana do Livramento e Rivera, considerada “terra de ninguém”. O Parque Internacional, que pertence aos dois países, constitui um caso único no mundo.
De acordo com o coordenador do Núcleo de Estudos Fronteiriços, professor Maurício Pinto da Silva, o livro estará à disposição dos leitores no próprio Núcleo e no Centro de Integração do Mercosul, em Pelotas.