A empresa paranaense Cool Seed, detentora de patente de sistemas e equipamentos para a tecnologia de resfriamento de grãos e sementes, reuniu em Santa Tereza do Oeste, na região de Cascavel-PR, representativa parcela do segmento de pós-colheita das principais cadeias produtivas do Brasil, da Argentina, do Paraguai, do Uruguai, da Bolívia, Colômbia, da Venezuela, do Peru e do Equador.
O encontro foi motivado pelas comemorações dos 10 anos de implantação e desenvolvimento de tecnologias que utilizam resfriamento na armazenagem de grãos e de sementes no Brasil e em outros países sul-americanos.
Como reconhecimento pela relevância das pesquisas científicas e tecnológicas para o desenvolvimento da tecnologia, os organizadores do evento distinguiram com homenagem especial quatro professores universitários brasileiros, premiando com um troféu comemorativo os professores Adriano Divino Lima Afonso, da Universidade Estadual Oeste do Paraná (Unioeste) Adílio Flauzino de Lacerda Filho, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), juntamente com Moacir Cardoso Elias e Silmar Teichert Peske, respectivamente das áreas de grãos e de sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Também, pelos trabalhos de difusão da tecnologia, foram premiados um empresário brasileiro e um paraguaio, respectivamente os engenheiros agrônomos Ivo Marcos Carraro, da Coodetec (Cascavel-PR) e Breno Batista Bianchi Agro Santa Rosa (Hernandarias-Paraguai).
Para os professores da Faem, homenageados no evento, “as cadeias produtivas de grãos e produtos derivados são as que exibem crescimentos mais expressivos no Brasil nas últimas décadas, com quebras de recordes a cada ano, mas há notório desequilíbrio entre a estrutura, o conhecimento e as tecnologias empregadas na etapa de produção com o que ocorre na pós-colheita e na industrialização. Nos últimos anos, a etapa de pós-colheita de grãos vem ganhando alternativa e inovações, como o armazenamento em locais onde seja possível o controle das condições psicrométricas do ar e de manejo tecnológico dos grãos, como armazenamento em temperaturas baixas através de insuflação de ar resfriado, pela aeração condicionada de silos e armazéns graneleiros”.
A tecnologia
O armazenamento de grãos em condições refrigeradas é uma realidade que se mostra cada vez mais necessária por representar segurança ao setor, que tem aumentado anualmente a quota de exportação não só de soja, mas também de arroz industrializado. O resfriamento é uma alternativa promissora também como forma de conservar os grãos enquanto há espera para a secagem e assim dinamizar o processo de recepção e maximizar o uso das instalações de secagem, racionalizando os gastos com as operações de pré-armazenamento.
O resfriamento de grãos é uma tecnologia não tradicional, não química, para armazenamento de commodities com vistas a reduzir o crescimento de fungos e de insetos de produtos armazenados. O grão é resfriado independentemente da temperatura ambiente e das condições de umidade relativa, usando um sistema móvel de refrigeração, o qual controla conjuntamente a temperatura e a umidade relativa do ar da aeração. Comportamento similar ocorre no armazenamento de sementes. O produto armazenado frio apresenta menor nível de metabolismo de grãos e de organismos associados, minimizando suas atividades biológicas. A aeração é utilizada para introduzir, através dos ventiladores, o ar resfriado na massa de grãos.
O resfriamento artificial de grãos surge como uma ferramenta que pode ser utilizada como uma opção para manutenção da qualidade dos grãos e no manejo de insetos, em regiões onde, devido ao clima, a aeração com ar natural fica com uso restrito. A baixa temperatura resultante da insuflação do ar resfriado por intermédio do equipamento vai permanecer na massa de grãos por um período prolongado, devido ao caráter de baixa condutibilidade térmica dos grãos.
“Há estimativa de que a aeração com ar resfriado artificialmente venha sendo utilizada em 80 milhões de toneladas de grãos no mundo, em mais de 50 países, especialmente na Europa em cevada, na Austrália em trigo, e no milho nos Estados Unidos. Esta técnica no Brasil foi inicialmente utilizada por produtores de sementes e, recentemente, está sendo estudada em grãos, com intuito de manter suas características, qualidades e peso por um período mais prolongado de armazenamento. Estudos realizados na Faem, pela Área de Sementes e pelo Laboratório de Grãos da UFPel, no Programa Pólo de Inovação Tecnológica da Região Sul e em outros, mostram resultados promissores na preservação da qualidade de sementes e de grãos pelo adequado uso do manejo térmico. Estão sendo realizadas pesquisas com arroz para processamento industrial convencional e por parboilização, trigo, soja e canola, abordando aspectos científicos sobre efeitos nutricionais, sensoriais e tecnológicos de armazenamento e processamento de grãos, contribuindo para superar gargalos com tecnologias que passam a ser incorporadas ao setor produtivo”, relatam os professores Peske e Elias, que destacam a importância para a Faem ter dois de seus docentes entre os quatro homenageados no Brasil.
Com apoio do Corede-Sul, neste mês de dezembro, a UFPel e a Secretaria de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico assinam nesta terça-feira(27) convênio no Programa Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, visando ampliar pesquisas em armazenamento refrigerado de feijão, arroz e trigo, num esforço conjunto da Instituição Federal e do Governo do Estado para atender pequenos e médios agricultores da região.