A proteção do conhecimento sensível no meio acadêmico, uma das metas do Programa Nacional de Proteção do Conhecimento Sensível (PNPC), foi o principal foco dos debates realizados na UFPel nesta quinta-feira(15), no Ciclo de Palestras sobre Proteção e Gestão do Capital Intelectual, que se tornará contínuo e prevê a oferta de cursos sobre temas ligados à propriedade intelectual e a contratos de transferência de tecnologia.
O evento programado pela Agência de Gestão Tecnológica (AGT/UFPel) foi realizado no Auditório da Reitoria, no campus Porto, com a participação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e de representantes de outras instituições de educação superior (IFES/ICTs) regionais. O público-alvo foram pesquisadores, bolsistas, estagiários e estudantes da UFPel, especialmente aqueles que trabalham em laboratórios.
Segundo Sérgio Malta, analista de inteligência da Superintendência Estadual da Abin, a instituição criada em 1999 e ligada ao governo federal tem como principal missão planejar e executar a proteção dos conhecimentos sensíveis – para o Estado, entendidos como os conhecimentos de relevância estratégica, que podem gerar um diferencial; e, para as instituições de pesquisa, fundamentais na construção de uma boa imagem e para que elas possam cumprir a sua missão.
Com ações como o recém criado programa Universidade & Inteligência (UNINT), a Abin desenvolve parcerias para a criação de mecanismos de proteção contra vazamentos, sabotagem, espionagem, ação de crackers, comportamentos inadequados, e engenharia social – método usado para enganar ou explorar a confiança das pessoas para obtenção de informações sigilosas e importantes.
“É muito mais fácil roubar um conhecimento do que desenvolvê-lo”, afirmou, Robertson Frizero Barros, ao falar sobre Proteção da Documentação. Segundo ele, falta ainda aos pesquisadores uma cultura de proteção, sujeita a diferentes formas de pirataria. São fatores essenciais para o controle de documentos uma legislação de salvaguarda, a educação para a segurança e a autodisciplina das pessoas envolvidas no processo.
Prestigiando o evento, o reitor Cesar Borges saudou as iniciativas da AGT no sentido de alavancar a área de proteção intelectual e, através do ciclo de palestras, implementar uma política de inovação tecnológica na Universidade. “O apoio da Abin é decisivo para inserir a UFPel em ações prioritárias de proteção ao conhecimento sensível”, observou.
“A atuação da Agência de Gestão Tecnológica da UFPel, como órgão facilitador entre as competências da Universidade e as demandas regionais, se confunde com o papel da própria instituição, de promover as relações com a sociedade e com o setor produtivo”, enfatiza o diretor da AGT e coordenador do evento, professor Evandro Piva. Ele pondera que é necessário o pleno domínio das informações que envolvam proteção de conhecimento de valor agregado e a possibilidade de apropriação de valores por parte da Universidade.
Na opinião de Piva, o tema, ainda bastante associado apenas ao registro de marcas e à concessão de patentes, deve ser visto de forma mais ampla. “Os pesquisadores precisam entender sobre sua atualidade e pertinência para maximizar a correta aplicação, proteção e comercialização destes bens imateriais e com isto gerar valor e vantagens para a sua instituição de pesquisa e para a sociedade”, destaca. Entre as principais ações está o fomento às incubadoras de empresas em projetos conjuntos, viabilizando ações que se somem às atividades científicas e de inovação.
Temas como as proteções do Conhecimento Sensível fora do local de trabalho, de documentação e de redes virtuais de pesquisa, os contratos de transferência de tecnologia, as patentes como oportunidades de negócios e as políticas de inovação das universidades e centros de pesquisa também fizeram parte da pauta do encontro desta quinta-feira, encerrado no fim da tarde.