Quem passar pelo Calçadão da Andrade Neves, nesta sexta-feira, 26, poderá participar da campanha de prevenção ao tabagismo, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo (29/8), promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia (PPGE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Alunos do mestrado, do doutorado e a equipe da Residência Multidisciplinar e do Hospital Escola da Fundação de Apoio Universitário estarão nas imediações do chafariz, das 9h às 17h, prestando esclarecimentos sobre as consequências do tabagismo e realizando o exame de medição dos níveis de monóxido de carbono (MO) da população. O exame, totalmente gratuito, é simples e indolor: a pessoa precisa apenas soprar em um bocal descartável e de uso individual de um aparelho chamado monoxímetro.
Segundo a organizadora do evento, professora Ana Menezes, o exame deve ser feito por fumantes e por não-fumantes, pois a contaminação ocorre não só pelo hábito de fumar, mas também pela exposição à fumaça. Em não-fumantes, a concentração de MO deve estar entre 0 e 6 partes por milhão (ppm), enquanto em fumantes esses números podem variar de 20 a 60 ppm.
Ano passado, o PPGE realizou evento semelhante. Na ocasião, 392 pessoas realizaram o exame e 22% tiveram altos índices de MO, enquadrando-se na classificação de fumante pesado.
Pelotas é pioneira na aprovação de Lei Antifumo
Em 2010, Pelotas foi a primeira cidade do RS a aprovar a Lei Municipal 5.757, que proíbe fumar em ambientes fechados de uso coletivo, públicos ou privados. O texto da lei prevê a punição ao empresário que permitir aos frequentadores do estabelecimento o descumprimento da lei. A pena pode variar de multa até interdição do local.
No que diz respeito aos cuidados com a saúde pública, a Lei Antifumo em vigor em Pelotas corrige a falha da legislação anterior, que permitia a presença de fumódromos. A ciência comprova que a exposição à fumaça causa prejuízos à saúde do fumante passivo semelhantes aos causados à saúde de quem fuma.
Medidas governamentais
O tabagismo é considerado um problema de saúde pública por estar diretamente relacionado à maior parte das doenças respiratórias e cardiovasculares crônicas, principais causas de morte no Brasil. Afim de reduzir esses riscos, o Ministério da Saúde lançou este mês o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil (2011-2022). A médica pneumologista do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, Ana Menezes, compõe o grupo de especialistas que construiu esse documento. Segundo a pesquisadora, o Plano determina e prioriza ações e investimentos necessários para reduzir a ocorrência dessas doenças nos próximos dez anos. ”Entre as principais medidas, destaca-se ações para redução do tabagismo. Sabe-se que os índices de fumantes no Brasil estão em queda, passando de 34,8% (1989) para 15,1% (2010), mas precisamos reduzir ainda mais”, garante Ana Menezes.
O documento será apresentado na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em setembro de 2011, em Nova York, em que os chefes de Estado dos principais países discutirão o tema em nível mundial.