Estudo conduzido pelos professores Otoniel Geter Lauz Ferreira e Cássio Brauner e pelo zootecnista Róberson Macedo de Oliveira, do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aponta que o frio das últimas semanas pode ter provocado uma série de perdas nos sistemas de produção de pecuária, em especial na região que compreende os municípios com os dez maiores efetivos de bovinos do Estado.
Como as atividades pecuárias da região se caracterizam por sistemas de produção animal que dependem diretamente dos recursos ecossistêmicos, ou seja, grande parte das propriedades desenvolvem a atividade com base no campo nativo em sistema extensivos de produção, que são fortemente influenciados por aspectos climáticos, requerem do produtor uma atenção cada vez maior em situações extremas.
As baixas temperaturas registradas entre os dias 24 de junho e 8 de julho, levaram a uma média entre os municípios de 7,1°C, sendo que no município de Quaraí essa temperatura do período foi de 6,2°C, seguidos por Bagé e Santana do Livramento, 6,6°C e 6,8°C, respectivamente. Já em São Gabriel e Caçapava do Sul, a temperatura ficou por volta dos 7,9°C.
O estudo chama a atenção para o fato de que os animais nesta condição de baixa temperatura podem sofrer ainda mais e ter suas demandas de energia de mantença (quantidade de energia necessária para manter as necessidades fisiológicas básicas do organismo animal) aumentadas. “Nas condições de baixa temperatura, como das últimas semanas, um bovino adulto pode necessitar de um incremento de energia adicional de 20 a 40% das suas exigências, dependendo de fatores como umidade e velocidade do vento. A atual fase de produção da pecuária de corte (principalmente nos rebanhos de cria) é justamente onde há uma demanda de nutrientes maior por se tratar do último terço da gestação, o que pode levar a prejuízos futuros”, observa Cássio Brauner. Segundo ele, o principal reflexo deste atual cenário será a redução nas taxas de repetição de gestação a níveis inferiores a 50% já para o próximo ano, situação agravada pela baixa oferta de forragem de qualidade, normalmente encontrada nos campos durante o inverno no Rio Grande do Sul.
“Para que se possa ao menos minimizar os efeitos do frio e, consequentemente, da maior demanda energética, há que se trabalhar estratégias de forrageamento eficientes. O uso do campo nativo sob ofertas de forragem preconizadas pela pesquisa associada a suplementação é uma dessas estratégias. Outras seriam o melhoramento do campo nativo com leguminosas como trevo e cornichão, a implantação de forrageiras exóticas ou, ainda, o uso de forrageiras conservadas sob a forma de feno ou silagem”, preconiza Otoniel Ferreira. No entanto, ele explica que esta última prática, além de exigir maior mão de obra e maquinário específico, tem maior custo, e por isso sua utilização deve ser feita de forma criteriosa.
Veja nos arquivos em anexo gráfico e tabela grafico.ppt tabela.ppt