Durante campanhas de prospecção no entorno da Lagoa do Fragata e margem direita do canal São Gonçalo, nas proximidades do campus universitário da UFPel, arqueólogos do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia (Lepaarq-UFPel) encontraram, até o momento, cinco sítios arqueológicos conhecidos como cerritos.
As atividades foram desenvolvidas sob coordenação do professor dr. Rafael Guedes Milheira (Curso de Bacharelado em Antropologia e Arqueologia da UFPel) e do professor dr. Fábio Vergara Cerqueira (Curso de Licenciatura e Bacharelado em História da UFPel), no âmbito do Projeto de Mapeamento Arqueológico de Pelotas e Região e Projeto Arqueologia dos grupos Guarani e construtores de Cerritos da Laguna dos Patos e Serra do Sudeste: história indígena, território e tecnologia. As campanhas contaram com a participação de alunos dos cursos de Bacharelado em Antropologia – Linha de Formação em Arqueologia, Bacharelado e Licenciatura em História, Bacharelado e Licenciatura em Geografia e Conservação e Restauro.
Os cerritos são montículos de terra que teriam sido construídos pelos índios pampianos, conhecidos historicamente como Charruas e Minuanos, há pelo menos 2.400 anos, na porção meridional da Laguna dos Patos. Serviriam como plataformas para moradia em ambientes de banhado, demarcadores territoriais, praça central de aldeias e monumentos funerários. O achado enriquece o panorama arqueológico da região de Pelotas, pois aponta demanda de pesquisa em uma área até então pouco conhecida do ponto de vista arqueológico.
Com a identificação de cinco cerritos no entorno da Lagoa do Fragata, deverão ser desenvolvidas atividades sistemáticas que busquem o mapeamento completo da área e, posteriormente, serão realizadas escavações arqueológicas a fim de entender aspectos da história desses sítios arqueológicos. Essa região já demonstrava grande potencial para pesquisas arqueológicas, visto que, há mais de 25 anos, teria sido encontrada aí uma coleção de objetos arqueológicos, como bolas de boleadeiras e dois zoólitos (esculturas em pedra representando animais que podem remontar há mais de três mil anos). Porém, devido à intensa exploração comercial das areias da região, desde, pelo menos, a metade do século XX, houve um impacto significativo aos sítios arqueológicos, causando mudanças na paisagem local e sua destruição.
