Será na quinta-feira(24), às 18h, no Instituto João Simões Lopes Neto, localizado na rua D. Pedro II, 810, o lançamento de livro Sítio Charqueador Pelotense, de autoria da professora da UFPel Ester Judite Bendjouya Gutierrez.
O trabalho trata das mais de 30 fábricas de salgar carnes e seus subprodutos, situadas no encontro do Arroio Pelotas com o Canal São Gonçalo. Nesse lugar, em 1780, os portugueses começaram a assentar o que seria o cerne da sua produção saladeiril. Por um lado, acompanhado por lindíssimas fotografias, sobretudo do Studio Zago, o texto descreve a exuberante paisagem histórico-cultural onde o núcleo está implantado. Atribui valores artísticos e históricos às belas moradas senhoriais que permaneceram e que, como um colar de contas preciosas, pontua as margens do Arroio e do Canal.
Por outro lado, neste lugar que foi o palco da escravidão meridional do Brasil, a autora fala da violenta exploração da mão de obra cativa e do macabro, fétido e pestilento ambiente que imperava no local. A matança de animais é também contada através dos desenhos do artista plástico Danúbio Gonçalves, realizados em 1953, quando observava os trabalhadores na charqueada São Domingos, em Bagé, que ainda mantinha os métodos do século XIX. Estes inéditos desenhos de uma beleza, literalmente, bárbara, igualmente, são registros de imenso valor histórico e artístico. O Sitio Charqueador Pelotense e os desenhos originais de Danúbio Gonçalves constituem patrimônio invejável para gaúchos e brasileiros.
O livro teve a arte realizada por Eduardo Montagna Silveira, contou com a colaboração de Cíntia Essinger e com a Atos Produção. A edição é da “Paisagens do Sul”. Uma pequena parte dos recursos para a publicação veio do prêmio Rodrigo de Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional, no quesito pesquisa, recebido pela autora em 2007 e a parte restante da empresa Ricardo Ramos Construtora. Os recursos com a venda dos livros serão revertidos ao Quilombo do Algodão, em Pelotas.