Quem circulou pela 38ª Feira do Livro no final de semana se deparou com a arquitetura do Grande Hotel, sob outro ângulo. Através de um painel fixado no chão, na alameda que dá acesso ao prédio, os visitantes puderam observar detalhes da cúpula do prédio através de imagens geradas em terceira dimensão.
A criação integra trabalho do Curso de Especialização
Como atividade de investigação, orientada pela professora Dra. Adriane Borda Almeida da Silva, o estudante realizou experimentos gráficos que buscam reproduzir no espaço digital técnicas de anamorfose, que tomam como referência os trabalhos do artista Julian Beever, que pinta sobre calçadões de diferentes cidades européias, e até mesmo algumas brasileiras, imagens deformadas, que sobre um determinado ponto de vista é possível reconstituir a ilusão de tridimensionalidade, tal como nas outras imagens aqui apresentadas.
O processo de anamorfose foi sistematizado no fim do Século XV e caracteriza-se pela distorção da imagem, de tal maneira que esta somente assume sua real forma quando observada de um ponto de vista específico, e que ao mesmo tempo confirma e desafia as regras da perspectiva linear. A técnica também conhecida como Trompe l’oeil, ou enganar o olho, foi bastante utilizada na Renascença, comum na decoração de tetos de igrejas aonde a pintura se mesclava à arquitetura buscando uma sensação de profundidade, com representações celestiais ou estruturais que vistas de um determinado ângulo conferiam àquele espaço caráter divino. Hoje em dia é possível encontrar exemplos de anamorfose em diferentes âmbitos do espaço construído, seja em sinalizações de transito, pinturas em murais e empenas de prédios, padrões de piso e bem como na arte que busca na representação não usual do objeto criar uma relação de co-autoria com o observador.