Coordenadoria de Comunicação Social

Já está se tornando rotina. A Faculdade de Odontologia da UFPel, por meio de pesquisa que tem como proponente a professora Noéli Boscato, com participação da bolsista de Pós-Doutorado do Instituto de Química e Geociências (IQG), Caroline Teixeira Vasques, e de docentes das áreas de Odontologia, Química, Biotecnologia e Engenharia de Materiais, é finalista de mais um importante concurso nacional - o 5º Prêmio Santander de Ciência e Inovação.
Deixando para trás centenas de concorrentes (640 selecionados entre dois mil inscritos), a pesquisa “Desenvolvimento de scaffolds osteogênicos biodegradáveis à base de amido e fosfato tricálcico e aplicação em processos biológicos de regeneração de tecido ósseo” é o único estudo finalista, na área da Saúde, na região Sul do País, e concorrerá ao prêmio máximo (R$ 50 mil), no próximo dia 17, com mais duas pesquisas selecionadas em nível nacional.
“O projeto, que tem como ponto de partida a reabilitação oral de pacientes com expressiva perda óssea, é resultado da união de várias áreas”, observa a professora Noéli, que integra a nova leva de docentes contratados pela Faculdade de Odontologia, cujo dinamismo parece ter revigorado a área acadêmica da unidade, especialmente no âmbito da pesquisa.
Modesta e fazendo questão de dividir todos os méritos com a equipe, Noéli explica a origem da pesquisa: “Ao ingressar na Universidade procurei identificar uma área em que pudesse contribuir no desenvolvimento de pesquisa na instituição. Em seguida, conheci os projetos já existentes na área de Nanotecnologia, que conta com recursos de órgãos financiadores e a participação de uma equipe multidisciplinar, e identifiquei a oportunidade de somarmos conhecimentos e esforços e de estabelecer uma nova interface com estes estudos.”
“A pesquisa que concorrerá a esta premiação nacional é um apêndice de um projeto maior”, pondera a docente da Odonto, destacando de imediato as unidades envolvidas e os nomes dos professores Neftalí Lenin Villareal Carreño (IQG) e Evandro Piva, Flávio Fernando Demarco, Rafael Ratto de Moraes e Sandra Beatriz Chaves Tarquínio (Odontologia), além da bolsista de pós-doutorado Caroline TeixeiraVasques (IQG).
Representantes do grupo foram recebidos no Lyceu pelo reitor Cesar Borges, que destacou a importância do trabalho dos pesquisadores envolvidos para o desenvolvimento tecnológico da região e para o reconhecimento da UFPel, em nível nacional. Na oportunidade, foi sugerida a criação de um Núcleo de Biomateriais e Engenharia Tecidual na universidade, que ampliaria a interface entre áreas de pesquisa afins da instituição. O embrião de tal iniciativa já foi esboçado quando da junção dos Programas de Biotecnologia, Odontologia e Química, além do Curso de Engenharia de Materiais, junto com outras universidades brasileiras e do exterior, para a submissão do projeto de pesquisa “Desenvolvimento de produtos nanoestruturados para utilização em processos biológicos da área de saúde”, o qual foi contemplado com recursos da ordem de R$ 1,1 mil, no recente edital Nanobiotec da Capes, acrescenta o professor Demarco. O Projeto de Nanobiotecnologia foi liderado pelo professor Odir Dellagostin.
A pesquisa
A engenharia tecidual permite o desenvolvimento de células-tronco em suportes (scaffolds), propiciando a regeneração de tecidos e órgãos lesados. O uso de scaffolds em processos biológicos de regeneração de tecido ósseo tem despertado grande interesse na comunidade científica e influenciado o desenvolvimento de inovações na área de biotecnologia.
“Atualmente, vários biomateriais vêm sendo investigados com vistas à aplicação na confecção de suportes visando à regeneração tecidual óssea e engenharia de tecidos. Contudo, alguns biomateriais cerâmicos apresentam satisfatórias propriedades osteocondutivas, porém limitadas propriedades osteogênicas. Assim, o desenvolvimento de um suporte elaborado a partir de biomateriais com adequadas propriedades osteogênicas é promissor e tem fundamental importância, uma vez que não estão disponíveis no mercado nacional, levando à dependência de tecnologia externa”, justifica a pesquisadora.
Segundo ela, o estudo desenvolvido na UFPel objetiva desenvolver e avaliar a resposta biológica de scaffolds biodegradáveis à base de amido (polímero) e de fosfato tricálcico (cerâmica) que possam ser empregados na engenharia tecidual, com aplicação inicial na odontologia, em processos de regeneração biológica de tecido ósseo, os quais poderão originar patentes e estimular a indústria nacional, além da potencial utilização em demais áreas da saúde.
Nanotecnologia
A mobilização dos grupos de pesquisa em Materiais e Catálise do Instituto de Química e Geociências (IQG) e do Centro de Desenvolvimento e Controle em Biomateriais (CDC-Bio/Faculdade de Odontologia) da UFPel tem resultado na obtenção de novos investimentos na área de Nanotecnologia nos últimos anos, focando o desenvolvimento de nanoprodutos e nanomateriais com aplicações tecnológicas, em diferentes setores.
Os investimentos permitiram, entre outras, a consolidação e melhoramento da infraestrutura disponível, bem como a criação do Centro de Microscopia da UFPel (Centro Multi-usuários), equipado com microscópio eletrônico de varredura, que possibilita o emprego de métodos mais rápidos e sensíveis, contribuindo para o avanço das pesquisas na área nanotecnologia e de outras desenvolvidas pelos programas de pós-graduação das instituições participantes - UFPel, Furg e Unipampa.
O Centro de Microscopia da UFPel está apto a dar suporte a grande número de projetos, linhas e grupos de pesquisa, abrangendo as áreas de Química, Física, Odontologia, Engenharias, Ciências Médicas, Oceanologia, Ciência de Materiais e Veterinária, entre outras, desenvolvidas por pesquisadores vinculados aos Programas de Pós-graduação em Química (UFPel), Odontologia (UFPel), Veterinária (UFPel), Química Tecnológica e Ambiental (Furg), assim como pesquisadores de outras unidades da UFPel, e instituições como Unipampa/Bagé, UCPel, IF-Sul, dentre outras instituições. “O impacto positivo será o estímulo à criação de novos grupos de pesquisas em institutos, unidades e universidades regionais que serão beneficiadas”, observa o professor Neftalí Carreño.