Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Jaguarão sedia seminário internacional do Pampa

22 de Outubro de 2009

No dia 30 de abril último, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) editou a portaria nº 127, que “Estabelece a chancela da Paisagem Cultural Brasileira”. E assim define o seu artigo primeiro “Art. 1º. Paisagem Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores.”
Sobre este tema será realizado em Jaguarão o Seminário Internacional do Pampa, de 12 a 14 de novembro próximo, promoção do Iphan, Prefeitura Municipal de Jaguarão, Unipampa e Iphae, onde o arquiteto Carlos de Moura Delphin estará proferindo palestra na manhã do dia 12 na Biblioteca Pública Municipal. A entrada é gratuita e aberta a todos os interessados.
O seminário Bioma Pampa: Cultura, Ecologia e Integração tem por propósito divulgar pesquisas recentes sobre o pampa, ressaltar sua importância ambiental, social e cultural e debater caminhos para o desenvolvimento sustentável da região.
Pampa é o nome genericamente atribuído a uma extensa região de planícies e coxilhas, no sul do Brasil, na Argentina e no Uruguai. Trata-se de um bioma, que abrange 63% do território do Rio Grande do Sul, e abriga cerca de três mil espécies de plantas vasculares (com aproximadamente 400 diferentes tipos de gramíneas), pelo menos 385 espécies de aves e 90 espécies de mamíferos terrestres. Muitos desses animais e plantas vivem exclusivamente no ambiente pampeano. A região conta, também, com um manancial hídrico de comprovada qualidade, e abriga sítios paleontológicos e arqueológicos ainda pouco estudados. Do ponto de vista cultural, o pampa é o referente, por excelência, do gaúcho, cuja identidade está intimamente relacionada à paisagem pampeana.
A partir dos anos 1960, a atividade agrícola assumiu importância no pampa gaúcho, em regime de monocultura de trigo e soja, impondo mudanças de ordem ambiental e cultural. Segundo o geógrafo Roberto Verdum, do Departamento de Geografia da UFRGS,houve uma ruptura da matriz produtiva, uma vez que o pecuarista não se tornou agricultor, mas sim arrendou suas terras para os empreendedores do agronegócio. A migração de contingentes expressivos de população rural para as cidades foi uma das conseqüências desse processo.
Sua ocupação baseou-se na preação do gado introduzido pelos jesuítas e, num segundo momento, na pecuária, à qual estão associadas uma estrutura fundiária de médias e grandes propriedades, e inúmeras práticas culturais, saberes artesanais, expressões artísticas, celebrações, entre outros. Hoje, a monocultura de espécies exóticas (pinus, acácias e eucaliptos) para produção, em grande escala, de celulose e madeira, vem alterando a paisagem pampeana, nos últimos anos, e provocando crescentes denúncias por parte de estudiosos e ambientalistas, devido a seu alto potencial de intervenção na água e nos campos.
Programação
Além da palestra do arquiteto Carlos de Moura Delphin, na manhã do dia 12, na Biblioteca Pública Municipal, de Pelotas estarão palestrando o professor do curso de Geografia da UFPel, Sidney Gonçalves Vieira, sobre “Formação das cidades no pampa”, e o ecólogo da UCPel, professor José Antônio W. da Cruz , com o tema “Diversidade no Bioma Pampa”, além da artista Kelly Xavier, com abertura de exposição Corpo, no dia 13/11 às 19h, na Casa de Cultura.
No encerramento do evento, dia 14/11, às 19h - Apresentação da Brasil Arquitetura Projeto “Centro de referência e memória do pampa”, Marcelo Ferraz e Francisco Vanucci; Expografia: Isa Ferraz e Marcelo Macca - Local: Ruínas da Enfermaria Militar.
Logo após 20h, junto às Ruínas da Enfermaria Militar ”
Show:
Caminhos de SiMartim César, Hélio Ramirez, Paulo Timm
Carlos de Moura Delphin é arquiteto e paisagista formado pela UFMG. Técnico do Iphan e membro da Comissão de Patrimônio Mundial da Unesco, Moura Delphim trabalha com projetos e planejamento para manejo e preservação de sítios de valor paisagístico, histórico, natural, paleontológico e arqueológico. É discípulo de Burle Marx e, hoje, o paisagista favorito do mestre Oscar Niemeyer. Já fez para Oscar vários projetos paisagísticos como o do Memorial da América Latina, em São Paulo, do STJ, em Brasília, e da Universidade Norte Fluminense. Hoje ajuda no restauro dos jardins do Palácio do Planalto.
Pioneiro da restauração de jardins históricos no Brasil, é autor do primeiro manual de intervenções em jardins históricos no mundo. Além disto, emite pareceres sobre sítios propostos para Patrimônio Mundial da Unesco. Graças a um parecer seu, as Florestas Tropicais Úmidas de Queensland, na Oceania, foram declaradas como patrimônio mundial. Seu mais recente estudo é uma nova e vanguardista proposta para a preservação de paisagens culturais no Brasil, no sul do Ceará, onde participou da implantação do Geopark do Araripe.

Seção: Notícias