Café do doutorado promove diálogo entre gestores e pesquisadores da área da saúde
12 de Maio de 2009
O Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da UFPel promoveu, na última quinta-feira(7), o Café do doutorado, primeiro passo para a aproximação entre gestores e pesquisadores da área da saúde. A atividade foi coordenada pela professora Anaclaudia Fassa e contou com a presença de mais de 50 pessoas. Além dos alunos, ex-alunos e professores da Pós-graduação, estiveram presentes no evento profissionais que atuam na coordenação de programas da Secretaria Municipal de Saúde e da Coordenadoria Estadual de Saúde. O evento também foi prestigiado pelo secretário de Saúde, Francisco Isaías, e pela representante do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Cinthia Lociks de Araújo.“Os participantes identificaram que a comunicação entre pesquisadores e gestores é dificultada pelas diferentes realidades a que estão submetidos e pelas diferentes linguagens utilizadas. Os gestores têm dificuldades para definir as políticas com base na informação científica. Eles são pressionados pela cultura da necessidade, pela premência da emergência, voltados para atender a demanda. Estas pressões são frequentemente reforçadas pela mídia e pelo poder judiciário, levando em conta o preceito constitucional que determina o atendimento universal em saúde. Entretanto, muitas vezes os casos específicos demandados pela mídia ou requeridos pelo poder judiciário não estão relacionados com as prioridades a nível populacional. Por outro lado, os pesquisadores conhecem pouco a necessidade dos gestores e têm dificuldade de comunicar seus resultados de pesquisa àqueles que podem transformá-los em políticas. O tempo político e científico é bastante diferente: enquanto que as decisões políticas muitas vezes têm que ser tomadas rapidamente, a pesquisa precisa de um tempo longo para se desenvolver”, observa Anaclaudia Fassa.Segundo ela, a aproximação entre a pesquisa e a gestão é uma necessidade reconhecida por todos. O Mestrado Profissional, que capacita os quadros permanentes das gestões municipais e estaduais, e a indução de realização de pesquisas para o SUS por parte dos editais do Ministério da Saúde caminham neste sentido. Entretanto, os participantes do evento consideraram que muito ainda precisa ser feito para construir a ponte entre a epidemiologia e a gestão em saúde pública. É preciso que a formação acadêmica enfatize a responsabilidade social e inclua a participação de acadêmicos e estudantes de pós-graduação em fóruns políticos. Os pesquisadores precisam desenvolver um esforço de empatia para tornar compreensível sua pesquisa e facilitar a apropriação daquele conhecimento por outros atores. “Gestores precisam apresentar suas questões e as necessidades da comunidade de forma a obter informações que exponham resultados de pesquisa e implicações políticas de forma clara e sucinta”, enfatiza Anaclaudia.Com este espírito, no dia 10 de junho será realizado outro café, visando aprofundar o conhecimento das diferentes perspectivas e realidades dos gestores e pesquisadores, ampliar a conversa incluindo representantes do poder judiciário e da mídia e avançar na construção de uma agenda compartilhada.
Seção: Notícias