Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Estudo avalia participação e fracasso da Seleção Brasileira de Futebol no mundial da Alemanha

10 de Março de 2009


Dissertação conduzida pelo professor Gustavo da Silva Freitas, aluno do Curso de Mestrado em Educação Física/UFPel, na linha de pesquisa em Memória, Corpo e Esporte (orientado do prof. dr. Luiz Carlos Rigo), cuja defesa está prevista para sexta-feira(13), às 14h na Escola Superior de Educação Física (Esef), considerou a seleção Brasileira de Futebol - sua participação e fracasso - no último mundial da Alemanha.

O fracasso da Seleção Brasileira de futebol na Copa do Mundo de 2006 reanimou o debate da representatividade que uma seleção pode ou não assumir em relação às características culturais e futebolísticas da nação a qual representa. O sentimento coletivo de derrota diante do desempenho não esperado nos campos alemães compôs um cenário de implosão de uma identidade para a Seleção Brasileira e para o futebol brasileiro. Essa desconstrução de um modelo que se mostrou insatisfatório tem sua amplitude para além da desclassificação nas quartas-de-final frente à Seleção Francesa gerando, adiante, uma renovação destacada pela mudança no comando técnico, pela busca de novos jogadores, pela construção de outras identidades.

Partindo do princípio de que esta identidade é resultado de um processo discursivo nunca completado, mas que responde a uma emergência histórica, o estudo denominado Espírito de Seleção: um estudo dos discursos midiáticos a partir da Copa do Mundo de 2006, investigou a forma como se estabeleceu esse processo mapeando e analisando os agenciamentos que foram postos em prática e como a imprensa participou e está participando da reconstrução de uma nova imagem, de um novo sentimento coletivo, enfim, de outras identidades possíveis para a Seleção Brasileira. Dentro desses agenciamentos destaca-se a escolha do ex-jogador Dunga para treinador da Seleção Brasileira, figura até então sem referencial como treinador, mas que indica um novo perfil para este cargo.

A opção pelo campo midiático como referência empírica parte da relevância diante dos acontecimentos esportivos atuais no que diz respeito à produção de sentidos múltiplos que acabam estabelecendo um diálogo entre prática discursiva e constituição de identidades. Um diálogo que é resultado de um constante estado de lutas entre as formas que essa identidade é visibilizada pelos canais de comunicação.

Ao selecionar os textos para a análise realizada desde a Copa do Mundo de 2006 até o fim de 2008, percebe-se que muito mais do que uma homogeneização ou, um metadiscurso, o campo midiático produz efeitos de verdades a partir de uma multiplicidade discursiva que procura definir a realidade que assistimos. Esta multiplicidade também atende a uma demanda discursiva inacabada, algo que está em constante reconfiguração a partir de enunciados produzidos e incorporados pelo campo midiático, provocando alterações, reafirmações, começos e desaparecimentos de determinados elementos que constituem as identidades.

Os vários discursos que recaem sobre o significado de “espírito de seleção”, por exemplo, estão dedicados a arrastarem seus enunciados particulares a uma função totalizante, mas só conseguem isso de modo temporário. Se hoje, a presença de Dunga faz com que esse “espírito de seleção” esteja sinônimo de valentia, de garra, de raça, de amor à camisa verde-amarela, esta aproximação é parcial. Ao não satisfazer toda uma demanda discursiva midiática, há a iminência de uma ruptura com esse modelo ou com as caracterizações desse modelo.

 

Seção: Notícias