No final da manhã desta quarta-feira(17), no Saguão principal da unidade, foi descerrada placa comemorativa aos 125 anos da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel(Faem), recebida da Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapós) e da Comissão Organizadora do 3º Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade do Arroz, evento que reuniu em Camaquã-RS, de
A propósito do 125º aniversário da Faem, completados no último dia 8, o professor Moacir Cardoso Elias, coordenador do Simpósio, apresenta alguns exemplos que ilustram a importânica da Faculdade, bem como artigo de sua autoria contendo dados históricos sobre a Faem, publicado no Livro ACTAS – 100 anos do Congresso Agrícola Associação Rural de Pelotas
EXEMPLOS DE PARTICIPAÇÃO DA FAEM NO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO,
TECNOLÓGICO, ECONÔMICO, POLÍTICO E SOCIAL DA REGIÃO E DO PAÍS:
- NA COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DA ASSOCIAÇÃO RURAL DE PELOTAS, A COMISSÃO CIENTÍFICA QUE ORGANIZOU UM CONCURSO DE MONOGRAFIAS SOBRE O EVENTO TODOS OS MEMBROS ERAM EX-ALUNOS DA FAEM.
- DESDE A CRIAÇÃO DO COREDE-SUL, HÁ 15 ANOS, TODOS OS COORDENADORES DA COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DESSE CONSELHO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO FORAM OU SÃO EX-ALUNOS OU PROFESSORES DA FAEM.
- NO ÚLTIMO CONGRESSO LATINOAMERICANO DE SEMENTES, EM CARTAGENA, NA COLÔMBIA, A ÁREA DE SEMENTES DA FAEM RECEBEU DESTAQUE ESPECIAL.
- NO XXXIII CONGRESSO NACIONAL DE INDÚSTRIA DE ARROZ, EM BOGOTÁ, NA COLÔMBIA, AGORA
- A FAEM É UMA DAS DUAS INSTITUIÇÕES DO PAÍS CREDENCIADAS PARA FORMAR AUDITORES TÉCNICOS DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAZENAGEM DE GRÃOS.
- É UM PROFESSOR DA FAEM O ÚNICO REPRESENTANTE DO COMITÊ BRASILEIRO DE ARMAZEAGEM COM DOMICÍLIO RESIDENCIAL E PROFISSIONAL NA REGIÃO SUL (PR, SC, RS).
- É UM EX-ALUNO DA FAEM O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PÓS-COLHEITA.
- É A FAEM A RESPONSÁVEL TÉCNICA PELO SELO DE QUALIDADE DO ARROZ PARBOILZADO NO BRASIL.
- O SIMPÓSIO SUL BRASILERO DE QUALIDADE DE ARROZ, JÁ NA 3ª EDIÇÃO, FOI IDEALIZADO E É REALIZADO PELA FAEM.
- O CRIADOR DO PAIOL CHAPECÓ DE ARMAZENAMENTO DE MILHO PARA PEQUENAS PROPRIEDAES É UM EX-ALUNO DA FAEM.
MUITOS EX-ALUNOS DA FAEM SÃO OU FORAM PREFEITOS, VEREADORES, DEPUTADOS ESTADUAIS E FEDERAIS, GOVERNADORES DE ESTADO.
TODOS OS PRESIDENTES DA AEAPEL FORAM EX-ALUNOS DA FAEM.
O REPRESENTANTE BRASILEIRO NO PROJETO MUNDIAL GENOMA DO ARROZ É UM EX-ALUNO EPROFESSOR DA FAEM.
Ensino Agrícola
Moacir Cardoso Elias*
*Engenheiro Agrônomo, formado pela Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da Universidade Federal de Pelotas. Professor e Ex-Diretor da Faculdade.
Como todas as propostas aprovadas no congresso, a do ensino agrícola refletia uma preocupação da época e tentava contribuir para a solução de situações fáticas. As conseqüências econômicas e sociais da implantação da república e da queda do governo imperial, e a redução da oferta de mão de obra pela abolição da escravatura, aliada à ampliação das colônias alemãs e italianas, diversificavam as atividades agrícolas regionais e alteravam o cenário que até àquela época era quase exclusivamente pastoril. O ensino de técnicas de agricultura e de pecuária se afigurava como necessidade premente, sendo a modalidade proposta a única legalmente possível, pois ainda não havia regulamentação legal no Brasil para o ensino agrícola, a qual só ocorreria em 1910, através do Decreto nº. 8.319, de 20 de outubro de 1910, no Governo de Nilo Peçanha. Essa legislação, que tratava do ensino agrícola em todos os graus, vigoraria até 1961.
Em 1908, apenas três cursos da área agrária, todos de agronomia, haviam formado profissionais no Brasil: o da Escola de São Bento das Lages, na Bahia, desde 1880; o da Escola Eliseu Maciel, desde 1895; e o da Escola Luiz de Queirós,
Certamente o Dr. Osório e seus pares não imaginavam a evolução que se verificaria no ensino agrícola desde então. Com a regulamentação de 1910, começaram a ser criados cursos de graus médio e universitário no Rio Grande do Sul, da mesma forma que nos demais estados brasileiros, assim como foram sendo diversificadas as modalidades profissionais. Até
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 (Lei Nº. 4.024, de 20/12/1961), não apenas aumentaram os cursos de Agronomia e Veterinária, como outras profissões surgiram. As primeiras turmas de Engenheiros Florestais no Brasil foram formadas no mesmo ano, em 1964, pelas Universidades do Paraná e de Viçosa. A Universidade Federal de Santa Maria, em 1975, formou a primeira turma de Engenheiros Florestais do Rio Grande do Sul. Em
Em 2008, o Rio Grande do Sul conta com 45 cursos de Graduação na área agrária, sendo 17 de Agronomia, 10 de Medicina Veterinária, 6 de Engenharia de Alimentos, 5 de Zootecnia, 5 de Engenharia Agrícola, 1 de Engenharia Florestal e 1 de Engenharia Industrial Madeireira. Nesses há predominância do ensino
Há, no Rio Grande do Sul, programas de Pós-Graduação nos níveis de Especialização, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado em praticamente todas as áreas do conhecimento desenvolvido na área agrária, e cujos programas de pesquisa se somam aos das Instituições de Pesquisa, como EMBRAPA, IRGA e FEPAGRO, do setor público, que se complementam pela iniciativa privada.
Segmento igualmente importante é o do ensino de grau médio. A primeira escola agrícola da região sul, atualmente denominada “Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça”, foi fundada em 1923, é vinculada à Universidade Federal de Pelotas, e oferece cursos de agropecuária e de agroindústria, passando a oferecer curso superior a partir de 2008. No Estado, são 55 cursos técnicos da área agrária, sendo que 43 deles oferecem a modalidade em agricultura, 8 em agroindústria de alimentos e apenas 4 oferecem curso em produção animal.
Diferentemente do que ocorre com o ensino superior, onde predominam os cursos oferecidos pelo setor privado, no ensino de grau médio a grande maioria dos cursos funciona em instituições públicas. São 29 estaduais, 12 federais, 2 municipais e 12 particulares. Um dado interessante é que das 55 escolas gaúchas 25 delas oferecem internato, que acaba favorecendo o acesso dos filhos de agricultores a esse grau de ensino.
Quanto à distribuição geográfica, há absoluta predominância das escolas localizadas ao norte da BR 290. Ao sul dessa rodovia, são 4 localizadas na Região Sul, 4 na Região Central, 3 na Fronteira Oeste, 1 na Região da Campanha e 1 no Vale do Rio Pardo.
Como é possível verificar, os cursos formais proliferaram nos cem anos que se seguiram ao Congresso, tanto nos níveis médio quanto de graduação e de pós-graduação, ou seja, preponderaram as visões técnicas e tecnológicas sobre a de ensino prático. Antes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, em algumas escolas agrícolas eram oferecidos os graus de operário agrícola e mestre agrícola, que de certa forma atendiam a proposta do Congresso nesse aspecto. Os ensinamentos diretamente aos agricultores e criadores acabaram sendo implantados pela educação informal, especialmente pelos serviços de extensão rural, o que de certa forma se assemelha ao proposto no 1º Congresso Agrícola há 100 anos.