Aprovada em concurso público para ministrar aulas de Práticas Corporais no Curso de Dança-Teatro, Licenciatura, da UFPel e que, em breve, estará fixando residência em Pelotas, Maria Falkembach vem à cidade a convite da UFPel para apresentar um espetáculo de dança-teatro e também para ministrar um oficina de composição.
“Adélias, Marias, Franciscas”, espetáculo baseado na obra da escritora Adélia Prado, será apresentado nesta quarta-feira (12), às 20h30min, no Theatro Sete de Abril.
Os ingressos custam R$12,00 e R$6,00 (meia entrada)
Sinopse
“Adélias, Marias, Franciscas…” é
Personagens femininos se desdobram num mesmo corpo que apresenta um
MAIS SOBRE O ESPETÁCULO
A
Esta poetisa brasileira é descrita por Carlos Drummond de Andrade: “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis”.
Conforme o ensaio crítico de Vera Queiroz, Adélia transforma a vida cotidiana em matéria de poesia e, assim, transcende o banal, na aceitação e no entendimento da expressividade da vida diária e feminina. A questão do feminino aparece na poesia adeliana no modo como ela observa, descreve e nos faz ler o mundo, num movimento entre a tradição e a ruptura.
Este modo de ver e de compor é encarnado pela atriz na busca da expressão do mundo das mulheres, do mundo visto pela ótica do fêmeo. Personagens femininos se desdobram num mesmo corpo que apresenta um
A escritora rearticula a linguagem coloquial e popular, o modo de falar do brasileiro de maneira que revela a universalidade e transcendência da fala do nosso povo. Do mesmo modo, a peça faz um diálogo entre o popular e o erudito, retrata o Brasil das pessoas simples através de uma linguagem cênica contemporânea e elaborada, que se insere nas pesquisas de ponta do panorama do teatro e da dança hoje.
A autora chega no universal pelo seu modo de enxergar a sua cidade provinciana: “Alguns personagens de poemas são vazados de pessoas da minha cidade, mas espero estejam transvazados no poema, nimbados de realidade. Eu só tenho o cotidiano e meu sentimento dele. Não sei de alguém que tenha mais. O cotidiano em Divinópolis é igual ao de Hong-Kong, só que vivido em português.”
Para José N. Pinto, “Adélia Prado faz poesia e prosa com fé no chão. O cristianismo em Adélia não é um experimento metafísico, mas uma vivência cotidiana, doméstica. Ela pratica sua crença religiosa à mesa, mas também na cama”. A autora fala de sua experiência:
“a poesia é um fenômeno de natureza religiosa, pois tem um papel fundador, que me conecta ao centro do ser. Baratearam a linguagem da religião e, barateando, aquilo que deve ser dito não é dito. Estamos perdendo a natureza do sagrado, perdendo o mistério.”
O espetáculo promove experiências dessa natureza, no encontro entre a carne-signo da atriz-bailarina e o público, na comunhão do momento efêmero das ações cênicas. A interpretação é confessional, tal como a poesia que recria. Um corpo-oráculo, que torna-se movimento poético, revela e concretiza a complexidade de desejos do ser feminino.
Trechos da crítica de Marta Ávila, no jornal
FICHA TÉCNICA
Concepção e |
Maria Falkembach
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Adélia
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Maria Falkembach |
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Bibiana |
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Maria Falkembach e Bibiana |
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Mirco Zanini |
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Maria & Cia |
CURRÍCULOS
Maria Falkembach
Atriz, bailarina, professora, Mestre em Teatro pela UDESC. Foi professora do Departamento de Arte Dramática da UFRGS por dois anos e atualmente é professora convidada do curso de Mestrado em Dança da Universidade Nacional da Costa Rica. Fundadora do grupo Depósito de Teatro, de Porto Alegre, onde trabalhou por 12 anos e onde integrou o elenco dos seguintes espetáculos: BOCA DE OURO (Prêmio Açorianos de Melhor Espetáculo de Teatro 98); RISCO, ARISCO & CORISCO (99); A FARSA DO PANELADA (00); O PAGADOR DE PROMESSAS (01); AUTO DA COMPADECIDA (Açorianos de Melhor Espetáculo de Teatro 02), GRÁVIDA (204), DR. QS QURIOZAS COMÉDIAS (Prêmio Açorianos de Melhor Espetáculo de Teatro 05), FARRA DE TEATRO (co-direção, 05-07), todas dirigidas por Roberto Oliveira. Também participou como bailarina em ORLANDO’S (Açorianos de Melhor Espetáculo de Dança 1997) com a Cia. Terpsí-Teatro de Dança e
Adélia Prado
Segundo Carlos Drummond de Andrade: “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis”. Escritora, professora por formação, exerceu o magistério por 24 anos, até que sua carreira de escritora tornou-se sua atividade central. Seu 1º livro, “Bagagens”, é lançado em 1976. Em 1978 lança “O Coração Disparado” e recebe o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Publicou 6 livros de poesia (Bagagens, O Coração Disparado, Terra de Santa Cruz, O Pelicano, A Faca no Peito, Oráculos de Maio) e 6 livros de prosa (Solte os Cachorros, Cacos para um Vitral, Os Componentes da Banda, O Homem da Mão Seca, Manuscritos de Felipa e Filandras), além de antologias e parcerias. Participou de eventos de escritores em Portugal, Havana (II Encontro de Intelectuais pela Soberania dos Povos de Nossa América), Nova York (Semana Brasileira de Poesia, promovida pelo Comitê Internacional pela Poesia), Berlim (Línea Colorada). Tem três obras traduzidas para o inglês e duas para o castelhano. Existem diversos estudos acadêmicos (dissertações de mestrado) e ensaios críticos sobre sua obra.
Curriculo do espetáculo
“Adélias,…” estreou em 2001. Desde então fez 4 temporadas