Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Cidades da Zona Sul serão destaque em eventos internacionais

24 de Setembro de 2008


O Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais (Leur) do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) está se preparando para a participação em dois eventos internacionais onde apresentará, com destaque, trabalho de pesquisa sobre as cidades da Zona Sul do Rio Grande do Sul. O primeiro evento acontecerá ainda neste ano, de 19 a 21 de novembro, e está sendo organizado pelo próprio Leur em Pelotas. Trata-se do IV Seminário de Estudos Urbanos e Regionais e do II Colóquio Internacional Sobre as Cidades do Prata.

Destaca-se o fato de que renomados pesquisadores nas áreas da Geografia e da História estarão participando do evento e das discussões sobre os trabalhos realizados pelos pesquisadores locais acerca de temas de nossa região. Desde 2006, o Laboratório tem se dedicado a pesquisar a geografia e a história das cidades do extremo sul do Brasil, dentro do contexto em que ocorreu o processo de formação urbana e territorial da região, tal seja o da disputa entre portugueses e espanhóis pelo controle do estuário do rio da Prata. Em conjunto com pesquisadores da Argentina e do Uruguai, a pesquisa preocupa-se em demonstrar o elo existente entre as cidades criadas na região e também no Uruguai e em parte da Argentina, cuja lógica está justamente na demarcação do território e definição das fronteiras entre os dois impérios e, depois, entre os três países.

Nesse contexto, estão sendo estudadas as cidades de Pelotas, Rio Grande, São José do Norte, Santa Vitória do Palmar, Chuí, Jaguarão, Bagé, Piratini, Herval, Pinheiro Machado, Arroio Grande, São Lourenço do Sul e Canguçu. Todas elas possuem na sua origem um vínculo com o objetivo de portugueses ou espanhóis em definir a posse nesse extremo e longínquo território. Todas essas cidades se emanciparam de Rio Grande, a partir de 1809, e tiveram importância como forte, guarda, acampamento, pouso ou outro elemento espacial que pudesse servir para demarcar o interesse pelo território e sua defesa. Uma a uma, foram crescendo e, de acordo com a definição das fronteiras, foram mudando sua vocação inicial, mas guardam ainda as marcas desse interesse, às vezes na estrutura da cidade, no local escolhido para a instalação inicial, na forma da planta na arquitetura das casas ou em elementos isolados que hoje constituem o rico patrimônio histórico que possuímos. Tudo isso tem sido investigado por um grupo de pesquisadores que já soma cerca de cinqüenta profissionais e estudantes das áreas de geografia e história, principalmente.

O objetivo inicial do Leur é apresentar os resultados parciais de suas pesquisas e das pesquisas desenvolvidas pelos colegas argentinos e uruguaios no evento de novembro em Pelotas. Mas não pára nisso, pois o laboratório pretende editar um livro contendo as principais conclusões e estudos sobre essas, a quem chamam de Cidades do Prata. Esse livro deverá ser importante fonte didática e de estudo sobre a geografia e a história da Zona Sul do estado, em um trabalho pioneiro que contribuirá para a análise da formação territorial e urbana do sul do Rio Grande do Sul.

“Não devemos nos considerar reféns de nossa história, como se isso representasse um fardo impossível de ser removido, no entanto, reconhecer a origem de muitas de nossas formas e relações sociais certamente ajudará a compreender o processo do qual participamos no presente, apresentando possibilidades evidentes para o futuro”, diz o professor Sidney Gonçalves Vieira, do Leur, coordenador geral da pesquisa. Segundo ele, reconhecer a forte identidade que existe entre cidades brasileiras, uruguaias e argentinas é também um passo importante para trabalhar com uma integração efetiva entre nossas culturas e sociedades, um elo que nos une mais do que a integração política ou econômica, “pois nos aproxima enquanto sujeitos concretos do mesmo processo”.

A equipe do Leur é constituída por dois professores do departamento de Geografia do ICH/UFPel e conta com a colaboração de professores de outras unidades da UFPel, Furg, UFSM e das Universidades de Buenos Aires e de La República, em Montevidéu. Mas a pesquisa de campo, entrevistas, revisão bibliográfica das monografias municipais e trabalho com outras fontes tem sido efetivado por uma equipe de estudantes voluntários dos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia da UFPel e Furg. Esses estudantes é que tem ido a campo e feito descobertas interessantíssimas sobre muitos aspectos das cidades pesquisadas. Cada cidade contará com um capítulo onde será enfatizada a importância da localização, as características da fundação original, os principais personagens e o cotidiano de produção do espaço urbano, expondo detalhes importantes da geografia e da história das cidades. “Esses estudantes estão verdadeiramente redescobrindo as cidades estudadas, mergulhando em suas histórias, revelando o seu passado e entendendo o presente”, observa o professor Paulo Roberto Quintana Rodrigues, o outro membro do Leur na pesquisa. “É incrível a motivação observada nas buscas que são feitas e isso justamente é o que tem contribuído para a produção de um material tão rico”, explica Rodrigues.

A propósito, esses relatos estão relacionados justamente ao segundo evento internacional em que se pretende divulgar as cidades da Zona Sul, pois a intenção do grupo é a de fazer o lançamento do livro em Montevidéu, durante a realização do Encontro de Geógrafos da América Latina, entre 3 e 7 de abril de 2009.

Os coordenadores da pesquisa estão convencidos de que o trabalho é de uma utilidade muito grande para o processo de ensino e aprendizagem sobre as cidades gaúchas dessa região, servindo também como elemento importante para o conhecimento de possibilidades que apontem para soluções dos nossos problemas, além do que, constitui em elemento para a elevação da auto-estima da sociedade local.

Seção: Notícias