A aula inaugural dos novos cursos da UFPel, que foi também extensiva a todos os ingressantes na Universidade neste segundo semestre de 2008, superlotou o auditório do Colégio São José, na noite da sexta-feira(19). Proferida pelo antropólogo e professor da PUC do Rio de Janeiro Roberto Da Matta, teve como abordagens visões do que é a antropologia e relatos de experiências pessoais do renomado pesquisador, autor de mais de 20 livros na área.
Em tom de conversa informal, e com a experiência que lhe confere meio século de docência, DaMatta traçou um quadro sobre a antropologia, suas origens como ciência na Europa e em que consiste na prática.
“É chegar perto e escutar. É tentar entender o mundo pelas suas diferentes humanidades. É um modo de se dar conta das variedades que formam o mundo”, preconizou. Ele alertou, no entanto, que é preciso aprender a ver, a assimilar as distinções. Neste sentido, exemplificou com a cegueira de quem pensa que já viu tudo, dizendo que é preciso não somente ver, mas reparar.
“Temos de exercer a arte perdida da classificação, da capacidade de descobrir. A antropologia é classificar e reclassificar, é ver melhor”, ensinou o professor. Para DaMatta, este ramo da ciência é colocar no lugar as intensidades dos fatos, que um mero olhar vê, mas não enxerga.
O palestrante lembrou também suas pesquisas etnológicas e vivências entre os índios Gaviões e Apinayé. Ao fim da aula, respondeu a perguntas do diversificado público presente.
A obra de DaMatta ultrapassa a fronteira da antropologia ao interpretar o Brasil em seus dilemas e ambigüidades. Ele foi pioneiro nos estudos de rituais e festivais em sociedades industriais, tendo investigado o Brasil como sociedade e sistema cultural por meio do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania, da mulher, da morte, do jogo do bicho e das categorias de tempo e espaço.
Valor
Ao saudar o convidado, o reitor da UFPel, Cesar Borges, ressaltou a importância que a Antropologia tem para os cursos que a Universidade passa a oferecer e também para todos os demais. O reitor recomendou a todos que guardassem para o resto de suas vidas os ensinamentos que seriam passados pelo professor da PUC-RJ.