Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Professora da UFPel elabora livro sobre Pedro Wayne

24 de Julho de 2008

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(Foto profa. Cristina – autor Nicholas Fonseca/SEDUFSM)

Uma parte inédita do trabalho do escritor bageense Pedro Wayne está sendo desvendada pela professora da Faculdade de Educação da UFPel, Cristina Rosa, e dará origem a um livro a ser publicado pela Editora e Gráfica Universitária. Ela recuperou inúmeros documentos e, especialmente, o livro de alfabetização escrito pelo autor para a filha Éster, apelidada de Teté.
Na obra, “Um alfabeto à parte: o livro de leitura de Pedro Wayne”, que deverá ser concluída até outubro, Cristina faz uma análise sobre o livro de leitura no universo da obra do escritor, tendo como foco sua relação com a história da cultura escrita, sua concepção metodológica e os significados de infância nela inseridos.
O manuscrito de Pedro Wayne - repleto de ilustrações do escritor - é dividido em três tomos: o primeiro é intitulado “Histórias de Teté”; o segundo, “Outras Histórias de Teté” e o terceiro, “Continuam as Histórias de Teté”. Embora o título do livro remeta à idéia de uma obra de literatura, a pedagoga considerou-o um livro de leitura. Isso, segundo ela, porque a apresentação das letras do alfabeto como personagens, em ordem alfabética e cumulativamente seriam as características que o definem como tal. Conforme a estudiosa, a “metodologia de ensino” empregada pelo autor, representada pela retomada constante dessa ordem com o intuito claro de que o leitor a memorize, indica que o Wayne desejava imprimir ao livro um caráter pedagógico.
O ineditismo de Pedro Wayne
Pedro Wayne é referência no Rio Grande do Sul e mesmo fora do estado como um autor regionalista. Isso se deve, especialmente, ao fato de ter escrito ‘Xarqueada’, em 1937, uma obra que mostra, segundo alguns especialistas, o “gaúcho apeado do pingo”, ou seja, fora da representação simbólica do gaúcho bravo, guerreiro, em cima de seu cavalo.
Para compreender a importância da obra “Histórias de Teté” na história da cultura escrita é necessário conhecer o universo no qual surge. Cronologicamente, situa-se na primeira metade do século XX, possivelmente entre os anos 1940-1942. Nessa época, não havia profusão de livros de literatura para crianças e isso não apenas no Rio Grande do Sul. Além disso, toda a produção era destinada ao leitor jovem, entre 12 e os 17 anos, conforme definição de estudiosos do tema. O livro foi escrito em Bagé, uma das cidades interioranas do Rio Grande do Sul e em um momento em que a literatura infantil enquanto gênero estava dando seus primeiros passos.
De acordo com a pesquisadora, Monteiro Lobato é o primeiro a oferecer suas tramas para a leitura nas escolas (Narizinho Arrebitado é o primeiro). Lobato demonstrava ter absoluta ciência de que era necessário criar livros de leitura para as crianças brasileiras, que não fossem somente traduções dos contos que vieram da Europa. No entanto, são livros de leitura e não de alfabetização.
Em seu trabalho minucioso, a docente da Federal de Pelotas, que participou no primeiro semestre desse ano como aluna especial do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFSM, ficou ciente, por exemplo, de que João Simões Lopes Neto escreveu um livro e o submeteu ao intendente de educação da época, isso no inicio do século em Pelotas, mas não foi aprovado. Ou seja, os autores e escritores do início do século tinham convicção da necessidade de bons materiais de leitura e acreditavam que lendo, o Brasil se transformaria em um país diferente. O ineditismo de Pedro Wayne, conforme Cristina Rosa, está na tentativa de fazer uma fusão de literatura e alfabetização.
A autora
Pedagoga formada pela UFSM, mestre em educação pela mesma Universidade e doutora em educação pela UFRGS, Cristina Rosa é docente da Universidade Federal de Pelotas desde 1993 na área da alfabetização, leitura e literatura. É pesquisadora no campo da ‘cultura escrita’. Para mais informações sobre o trabalho da docente e escritora, o contato pode ser feito pelo endereço eletrônico: cris@ufpel.edu.br .

(Nas fotos, Cristina Rosa e Pedro Wayne)

Seção: Notícias