Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Risco para doenças cardiovasculares começa antes do que se imaginava

14 de Dezembro de 2007

Atualmente, as doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morbi-mortalidade em âmbito mundial.  No Brasil, mais que um quarto dos óbitos são devidos a estas doenças. A patologia básica responsável pelas complicações das doenças cardiovasculares é a aterosclerose, processo inflamatório que se caracteriza por lesões espessadas e endurecidas das artérias.  Esta inflamação pode resultar de fatores prejudiciais crônicos e bastante comuns, como obesidade, tabagismo e estresse. 

Uma pesquisa elaborada no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel (RS), financiado pelo Capes (Brasil) e o Wellcome Trust (Reino Unido), usou como população alvo a Coorte dos nascidos em Pelotas em 1982.  O doutorando em epidemiologia, Aydin Nazmi, com a orientação de Cesar Victora, como parte do seu projeto, avaliou níveis de proteína C reativa, um marcador sensível de inflamação, através de amostras de sangue que foram coletados em 2004-05 durante a visita aos membros da coorte.  A defesa de tese de doutoramento será realizada na próxima segunda-feira(17), às 14h, no auditório do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia (PPGE).

No estudo observou-se que os níveis de inflamação foram maiores nas pessoas que apresentavam sobrepeso ou obesidade, que eram tabagistas e, ainda, em indivíduos expostos a um maior nível de estresse.

Além destes fatores atuais, certificou-se que exposições no inicio da vida e condições socioeconômicas também tinham um forte impacto nos níveis de inflamação, como por exemplo a relação com a educação materna: quanto menor o grau de escolaridade da mãe, maior foi o nível de inflamação encontrado no filho aos 23 anos de idade.  Uma outra observação foi que o ganho de peso excessivo começando na infância pode resultar em níveis elevados de inflamação na vida adulta.

Embora seja conhecido que fatores comportamentais, sedentarismo, tabagismo e obesidade têm papel fundamental no desenvolvimento das doenças cardiovasculares, os resultados deste estudo mostraram que os riscos podem começar ainda na vida intra-uterina e durante a infância.

Portanto, medidas de saúde pública direcionadas ao combate da incidência de doença cardiovascular, além de enfocar nos fatores contemporâneos como obesidade e tabagismo, deveriam também considerar a importância das influências que atuam silenciosamente desde a vida intra-uterina.  Assistência a saúde materna, amamentação e alimentação adequada na infância e ganho de peso saudável durante da vida podem resultar em benefícios para uma incidência reduzida das doenças cardiovasculares a longo prazo.

 

Seção: Notícias