É pensando na sustentabilidade ambiental que a professora do curso de Farmácia da Universidade Federal de Pelotas Márcia Mesko (primeira da direita para a esquerda) coordena projeto que visa conscientizar a população a monitorar alguns hábitos em prol do meio ambiente.
Desde 2009, ano em que a pesquisadora entrou na Universidade, ela, junto com o professor do curso de Química Forense Cláudio Pereira, desenvolve trabalho que transforma o óleo de cozinha usado pelo Restaurante Escola da Universidade em biodiesel e sabão. Participam deste processo alunos dos cursos ligados ao Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos e outros professores, como a docente Massako Dourado.
Além dessa produção, Márcia Mesko planeja realizar cursos para ensinar a população de baixa renda a produzir o sabão a partir do óleo e, com isso, conscientizá-la. “Se as pessoas souberem o que fazer com o óleo que já foi utilizado, será muito mais fácil elas não o colocarem no lixo”, disse. “Pode ser, que nem todos se interessem em produzir sabão, mas sabendo os danos que o óleo ocasiona ao ambiente, talvez as pessoas procurem os pontos de coleta”, completou.
Ligado a este projeto, a docente começa a implantar um novo trabalho, montando pontos de coleta para o descarte de medicamentos vencidos. “Existem vários estudos que comprovam que medicamentos descartados incorretamente trazem prejuízo ao meio ambiente”, comentou a professora. Serão distribuídos panfletos, marcadores de livros e organizadas palestras nas escolas, para que todos se informem a respeito.
Os pontos de coleta ficarão, inicialmente, nos Restaurante Escola do Campus Capão do Leão e do Centro e no Campus Porto. Serão recipientes colocados em um lugar de boa visibilidade e estarão disponíveis o dia inteiro. Junto a eles serão colocados informes sobre a forma que o descarte deve ser feito.
Alguns dos medicamentos recolhidos poderão ser utilizados nas aulas práticas dos acadêmicos de Farmácia. Os que não forem aproveitados nessas aulas serão descartados pela Universidade, juntamente com os medicamentos do Hospital Escola, para tratamento específico.
A coordenadora enfatiza que para a realização dos projetos conta com o apoio institucional, bem como com recursos oriundos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Educação (MEC), que somam mais de R$ 200 mil, incluindo bolsas para estudantes.
Os prejuízos desses produtos ao meio ambiente
Muita gente sabe que o óleo e os medicamentos podem causar danos ao meio ambiente e à saúde em geral. Mas quais são esses prejuízos? Como esses produtos agem?
O óleo usado contamina as águas de rios, riachos e córregos, tornando o tratamento da água até 45% mais caro. Além disso, a presença deste material no ambiente diminui a área de contato entre a superfície da água e o ar atmosférico impedindo a passagem do oxigênio para a água. E ainda, a água poluída ao desembocar no mar causa uma reação química que libera gás metano. Quando a contaminação é no solo, este se torna impermeável, ajudando, assim, na formação de enchentes.
Já os medicamentos descartados incorretamente, possuem evidencia de perigo ao meio ambiente em decorrência da dificuldade de tratamento e destruição. E os antibióticos lançados ao meio ambiente estão diretamente ligados à formação de resistência de bactérias, podendo haver transferência para humanos, animais e vegetais, através da água contaminada. Além disso, os antibióticos podem agir, em concentrações muito baixas, como agentes sinalizadores no ambiente microbiano.