O Conservatório de Música da UFPel recebeu recentemente a visita de alunos, monitores e professores da Escola Ferreira Vianna. As dificuldades na energia elétrica do prédio não impediram o andamento do espetáculo. O encontro faz parte do Projeto Pife na Escola, coordenado pelo professor Raul d’Ávila, do Curso de Música da UFPel, com o auxílio da acadêmica Josi Hellen Azavedo, bacharelanda em flauta, e colaboração de alunos do próprio curso. No evento foram apresentadas obras do folclore nacional e músicas populares como “Luiza” do compositor Tom Jobim. No decorrer da apresentação o professor Raul interagiu com o público, fazendo perguntas e convidando-os para tocar junto com ele no palco. Por fim, as crianças visitaram as instalações do Conservatório e tiraram fotos.
Um pouco mais do projeto
O Projeto Pife na Escola integra o Programa Vizinhança da UFPel e tem o objetivo de inserir a música, no convívio de alunos da escola pública. As aulas de música são realizadas na própria Escola Ferreira Vianna e no início eram em turno inverso às aulas curriculares. Para que houvesse uma adesão maior às aulas tiveram que ser remanejadas e passaram a ser realizadas no mesmo turno. Isso facilitou o deslocamento de pais e alunos. O professor Raul e a acadêmica Josi orientam duas turmas de até oito aprendizes cada, durante 30 minutos.
A divulgação do programa fica a cargo da escola que seleciona, divide os grupos e disponibiliza aos instrutores uma lista com o nome dos alunos, por onde é acompanhada a freqüência.
Os encontros têm como base as aulas práticas, no entanto as teorias são apresentadas de forma lúdica. Os instrumentos são disponibilizados pela UFPel e assim que as crianças adquirem uma noção básica para usá-los, já podem fazer o empréstimo do pife na escola. Para o próximo ano, a Escola espera concretizar o projeto de criação de uma sala específica para abrigar as práticas culturais e artísticas.
O Pife na Escola, além de contribuir na formação cultural, tem ajudado também no ambiente familiar. Segundo a coordenadora pedagógica da Escola Ferreira Vianna, Amanda da Luz, as crianças levam para dentro de sua casa o que aprendem no projeto. “Os pais perguntam o que aprenderam e eles mesmos (os alunos) acabam falando e levando pra dentro de casa a cultura”, afirma a pedagoga.
O projeto caracteriza-se como um processo de educação que coloca a música no cotidiano de muitas crianças que não tem oportunidade. Apesar das dificuldades o trabalho é muito gratificante para alunos e instrutores.
Alguns dos aprendizes que estão há mais tempo nas aulas de pife demonstram um bom domínio do instrumento e auxiliam os mais novos. Pais, professores e colegas já presenciaram exibições dos alunos do projeto em eventos realizados na escola.
O professor Raul acredita que o trabalho de inclusão cultural está em processo de transição e é gradativa. Ele compara a conscientização que vem acontecendo no País com o hábito de fumar. “Se conseguirmos três por cento dessa conscientização no aspecto da educação, da cultura e da música seria maravilhoso”, acredita o coordenador do projeto.