Entre os dias 21 de novembro e 1º de dezembro estará sendo realizada a escavação de sítios arqueológicos no banhado do Valverde, na praia do Laranjal, em Pelotas-RS. A escavação é desenvolvida por uma equipe que envolve alunos e professores do curso de Bacharelado em Antropologia e Arqueologia e alunos dos cursos de História e Geografia da UFPel. Além disso, também compõem a equipe, alunos de pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), bem como, alunos de graduação do curso de Arqueologia da Fundação Universidade do Rio Grande (Furg).
A escavação é coordenada pelos arqueólogos da UFPel, Rafael Guedes Milheira, Loredana Ribeiro, Bruno Sanchez, Luciana Peixoto e Aluisio Alves, fazendo parte do cronograma da disciplina de Práticas de Campo II. O trabalho de campo está sendo desenvolvido no âmbito do Projeto coordenado pelo professor dr. Rafael Guedes Milheira, intitulado: “Arqueologia dos grupos Guarani e construtores de Cerritos da Laguna dos Patos e Serra do Sudeste: história, território e tecnologia”, cujo financiamento tem apoio do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Compam).
A escavação está sendo realizada em montículos de terra conhecidos popularmente como “cerrito de índio”, construídos, muito provavelmente, pelas populações conhecidas historicamente como charruas e minuanos, grupos estes que habitaram a região pampiana do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina desde, pelo menos, 4500 anos atrás. Estes montículos de terra eram construídos por estas populações indígenas para servirem de plataformas para as habitações, sepultar seus mortos, manejar áreas de plantio e demarcar seus territórios. São construções que denotam um grande conhecimento empírico de engenharia de solos por parte destas populações indígenas, demonstrando uma grande capacidade adaptativa aos ambientes alagadiços e banhados típicos da laguna dos Patos e lagoa Mirim.
Com este tipo de trabalho, buscamos realizar um estudo de arqueologia regional em vias de compreender o sistema de assentamento dos grupos construtores de cerritos, de forma que se possa perceber o processo de ocupação histórica destes grupos e as relações desses com o ambiente litorâneo. Neste sentido, buscamos a proposição de um modelo sistêmico de ocupação regional, entendido como uma história indígena de longa duração, que representa uma continuidade histórica entre o período pré e pós-contato dessas sociedades indígenas.