No dia 26 de maio último os alunos do curso de Bacharelado em Artes Visuais, do Centro de Artes (CA/UFPel), estiveram em Porto Alegre para realizar atividades complementares, acompanhados pela professora de desenho artístico Alice Monsell e pelo aluno do Grupo PET Artes Visuais, TiagoBrandão Weiler. A UFPel disponibilizou o ônibus que proporcionou o deslocamento para que os alunos do primeiro ano, muitos vindos de outros estados, pudessem conhecer alguns espaços culturais da capital.
Foram visitados cinco espaços culturais da cidade. No Santander Cultural, inaugurava-se neste dia a mostra “Agora/Ágora - Criação e Transgressão em Rede”. No Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), a exposição coletiva “Do Atelier ao Cubo Branco” destacou várias tendências da arte contemporânea e obras de mais que 60 artistas que contribuíram para a formação artística no Atelier Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
A Fundação Iberê Camargo apresentou desenhos e gravuras do grande artista gaúcho, na mostra “A linha incontornável”. O objetivo central da viagem foi a exposição da artista brasileira Regina Silveira, “Mil e um Dias e Outros Enigmas”, da curadoria do colombiano José Roca (também curador-geral da Bienal do Mercosul), nos quatro andares e na fachada da Fundação. Ironicamente, a exposição de Silveira não apresentou nenhum objeto de arte; ao contrário, mostrou as sombras de objetos do cotidiano e da arte moderna, projetadas nas paredes em alto contraste com tinta ou adesivo de recorte de vinil preto sobre as paredes brancase. Ainda, as sombras arrepiantes de insetos na superfície branca de louças de porcelana. Silveira também expõe seus desenhos preparatórios minuciosos de projeção de sombras em perspectiva com distorções anamórficas, executados em lápis sobre papel, revelando etapas do processo criativo de suas instalações.
Um novo espaço cultural de Porto Alegre é a recém inaugurada Casa M., da 8ª Bienal do Mercosul, que, segundo seu folder de programação mensal, é um “espaço de encontro, debate, estudo (…) que estende a ação da Bienal no tempo (…) ampliando os canais de diálogo com a comunidade e contribuindo para fomentar a cena artística local.”
A turma do Bacharelado em Artes Visuais/CA foi recebida pelo artista e curador pedagógico da Bienal, Pablo Helguera e, segundo sua equipe, foi o primeiro grupo grande a visitar a Casa, desde sua inauguração no dia 24 de maio. Dois professores do CA/UFPel se integram neste projeto: Neiva Bohns, que faz parte do conselho da equipe curatorial da 8ª Bienal e de programação da Casa M., e Daniel Acosta, que projetou uma escultura para a Casa.
Ao subir as escadas da Casa M., os alunos conheceram o curador-geral da 8ª Bienal, José Roca, que os convidaram para tomar um cafezinho na copa. Também, no segundo piso, encontra-se a biblioteca-sala da Casa e a obra de Daniel Acosta, intitulada “Replikashelvesystem”. Este trabalho é uma estrutura de madeira, pintada de branco, que forma um arco de cubículos modulares contendo livros, revistas e documentos. A obra-estante de Acosta, de fato, possui um design “funcional”, mas seu propósito vai além de uma concepção da arte vista como um objeto. Usando as palavras do teórico norte-americano Grant H. Kester, podemos pensar a obra de Acosta no sentido de “arte-com-base-no-diálogo”.
Na galeria do porão da Prefeitura de Porto Alegre, os alunos visitaram a abertura de “Idiorritmias”, da curadoria da professora. Adriane Hernandez, do “Grupo Superfície, formado pelas alunas do Centro de Artes, Adelina Lintzmaier, Carla Borin e Daniela Meine, e as recém-formadas Carla Thiel, Mariza Fernanda, Natália Hax e Paloma De Leon, que apresentavam telas pintadas em conjunto. A obra de autoria coletiva é produzida num processo onde os membros do grupo efetuam, simultaneamente,”ações”com tinta sobre a superfície da tela.
A concepção da Casa M., a obra de Regina Silveira e a exposição das alunas do Bacharelado em Artes Visuais da UFPel mostram sinais de inovação na arte atual, que pode ir além do conceito da obra de arte como objeto: em Regina, o objeto somente mostra sua sombra; no Grupo Superfície, a obra é um trabalho coletivo; e, na Casa M., a obra se torna um meio para fornecer um contexto social, possibilitando diálogo e trocas no espaço público.