Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Obesidade aumenta a ocorrência de asma e piora a capacidade respiratória na adolescência

10 de Junho de 2011

A obesidade aumenta a ocorrência de asma e piora a capacidade respiratória na adolescência. Esta é a conclusão de pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, através dos pesquisadores Ricardo Noal, Ana Menezes, Silvia Macedo e Samuel Dumith, com a colaboração do pesquisador Rogélio Pérez-Padilla, do México. Eles estudaram a associação entre duas doenças que a Organização Mundial da Saúde considera problema de saúde pública mundial – a obesidade e asma.

Parte de um projeto de pesquisa chamado Coorte de nascimento de Pelotas de 1993, o estudo avaliou mais de quatro mil adolescentes do nascimento até os 15 anos de idade. A pesquisa constatou que 10,6% os adolescentes aos 11 anos e 8,7% dos adolescentes aos 15 anos eram obesos. Aos 15 anos de idade, um terço dos meninos e um quarto das meninas apresentaram sobrepeso/obesidade. Verificou-se ainda que aproximadamente um em cada dez jovens apresentou chiado no peito no ano anterior.

Durante a pesquisa, observou-se que meninos e meninas obesas tiveram chance de apresentar chiado no peito aproximadamente 50% maior do que os que não eram obesos aos 11 e 15 anos de idade. Além disso, o risco de manter o chiado no peito dos 11 aos 15 anos foi 80% maior no grupo dos obesos.

Os principais determinantes da capacidade respiratória são o sexo, a idade e a altura. Com objetivo de descrever a função pulmonar e investigar o efeito do estado nutricional sobre esses resultados nos adolescentes pertencentes ao estudo, os pesquisadores realizaram um exame chamado espirometria. Segundo os pesquisadores, confirmando o que é classicamente descrito na literatura científica, a função pulmonar foi maior nos adolescentes do sexo masculino e aumentou com o aumento da idade e da altura. Outro achado interessante do estudo foi observar que os indivíduos mal nutridos, ou seja, com desnutrição ou obesidade, apresentaram menores valores de função pulmonar.

Os autores sugerem algumas hipóteses para esses achados, entre elas, para os desnutridos a menor força dos músculos respiratórios, e para os obesos, a maior carga do tecido gorduroso sobre o tórax o que dificultaria a função dos músculos respiratórios e consequentemente dos pulmões. “Isso quer dizer que, quanto mais gordura corporal, pior é a função respiratória dos adolescentes”, alertam os pesquisadores.

Os cientistas salientam que a obesidade, e a desnutrição, assim como a redução da função pulmonar, estão associadas à morbidade e mortalidade. O aumento e a manutenção da obesidade na adolescência afeta negativamente a função pulmonar e está associada à presença de sintomas respiratórios. “Tais observações têm implicações clínicas e de saúde pública, uma vez que são adicionadas à extensa lista de morbidades relacionadas com a obesidade, mesmo em adolescentes”, finalizam os autores do trabalho.

Título da Tese de Doutorado: Estado nutricional, asma e função pulmonar em adolescentes – Coorte de nascimentos de 1993, Pelotas – RS.

Banca: Profª Ana Maria Baptista Menezes - orientadora (UFPel), Profª Iná Santos (UFPel), profª Moema Chatkin (UCPel), Profª Marli Knorst (UFRGS).

A tese de doutorado será defendida às 8h30min do dia 14 de junho, por Ricardo Bica Noal, na sala 331 do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia.

Seção: Notícias