Há dez anos funciona na UFPel o Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre (NURFS) e o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) através de convênio com o Ministério do Meio Ambiente e termo de cooperação firmado pelo IBAMA e a Universidade. Através da parceria entre o Instituto de Biologia e a Faculdade de Medicina Veterinária animais silvestres oriundos, principalmente, de tráfico ilegal e acidentes são recebidos, tratados e reintroduzidos, quando possível, ao ambiente natural.
De acordo com a bióloga responsável pela Educação Ambiental do NURFS, Greice Behling, os animais recebidos podem ter três destinações, a soltura, a devolução ao proprietário, quando legalizado, ou ainda o encaminhamento a zoológicos e criadouros conservacionistas, nos casos em que os animais não possuem condições de voltar ao ambiente natural.
De acordo com a bióloga, o NURFS recebe cerca de cem animais por mês, totalizando uma média de 1200 a 1500 animais por ano. Destes, 80% são pássaros oriundos do tráfico ilegal. Os mais comuns são o Cardial, Azulão, Canário e Caturrita. Dos mamíferos, chegam à triagem capivaras, veados e graxains, muitas vezes atropelados. Entre os répteis, os mais comuns são as tartarugas e jacarés. O Núcleo é o único que atende animais exóticos na cidade, sendo mais comum o gambá, a coruja, o coelho e o ramster.
O NURFS atende toda a região e é referência no apoio a fiscalização e apreensão de animais silvestres. “Existem poucas instituições que fazem o mesmo trabalho, no máximo uma por estado”, disse a bióloga.
Outro trabalho importante realizado é na área de Educação Ambiental. Dez cidades da região já foram visitadas pelos profissionais do NURFS, através de palestras, a população recebe orientação sobre os procedimentos a serem adotados quando encontrarem um aninal sivestre e informações sobre apreensões e a entrega espontânea dos animais sem o ônus da multa.
Apesar das inúmeras campanhas desenvolvidas por vários órgãos, ainda é pouca a conscientização das pessoas com relação aos animais silvestres. De acordo com a bióloga, as pessoas quando encontram algum animal silvestre se assustam e acabam machucando, quando o correto é telefonar para a Brigada, Ibama ou até mesmo para o NURFS, para que o animal seja destinado da forma correta, sem consequencias para a população e para a natureza.
Segundo Greice, a desinformação é tanta que acabam acontecendo alguns fatos inusitados, como jacarés que eram criados como animais de estimação e após crescerem, o dono resolveu soltá-los em um chafariz. Da mesma forma, ocorre a tentativa de domesticar graxains e capivaras, sendo que estes animais não são para este tipo de criação. Depois da tentativa frustada, os animais acabam sendo largados em locais que não são apropriados, correndo o risco de serem atropelados ou virarem comida de outros animais já que perderam sua capacidade de defesa ou de ataque.
Criar espécie nativa em cativeiro é crime ambiental previsto
O NURFS trabalha com repasses da UFPel e do Ministério do Meio Ambiente. Caso você também queira colaborar com este serviço pode entrar em contato com o núcleo através do telefone 3275.7227. O mesmo telefone pode ser utilizado para chamados e dúvidas sobre espécies nativas.