Coordenadoria de Comunicação Social

Universidade Federal de Pelotas

Gaúcha Debates do Rio Grande projeta expectativas de desenvolvimento regional

27 de Novembro de 2009

debate-plateia.jpg Durante duas horas e 40 minutos, o projeto Gaúcha Debates do Rio Grande, promovido pela Rádio Gaúcha de Porto Alegre, com o patrocínio da Famurs e Assembléia Legislativa e apoio da UFPel, colocou em discussão as novas perspectivas para o futuro da região Sul e as iniciativas e projetos capazes de conduzir à retomada do desenvolvimento. O Debate, realizado na auditório da Biblioteca Pública Pelotense, na noite desta quinta-feira(26), sob o comando do jornalista Lasier Martins, contou com quatro debatedores, que trocaram idéias e responderam às ponderações e apartes do apresentador e da plateia.
De um lado, o evento expôs as próprias feridas da região, evidenciando fatores como vaidades, desunião, dificuldades de articulação, baixo empreendedorismo, traumas e baixa auto-estima, que, somados à discriminação e descaso de sucessivos governos, nas esferas estadual e federal, explicam o quadro de estagnação em que, por décadas, a região esteve mergulhada. De outro, o debate mostrou que esse cenário, felizmente, começa a ser gradualmente revertido, graças aos recentes investimentos nas áreas de infraestrutura urbana e educação, e à gradual mudança da matriz econômica, que, ao abarcar projetos como os polos naval e florestal, deixa de ser eminentemente agropastoril.
debate-lasier.jpg As avaliações iniciais dos debatedores foram tão francas e profundas, que levaram o mediador a classificá-las como uma expiação de defeitos, considerando-as, entretanto, como positivas e sinalizadoras de mudanças. Lasier Martins lembrou que o acontecimento se integra à celebração dos 40 anos da UFPel.
Para o economista e coordenador do Itepa (Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria da UCPel), Erli Soares Massaú, a região passa por uma fase de transição e começa a construir um novo modelo econômico, não apenas baseado na agricultura e na pecuária. Descrevendo as principais potencialidades da região, ele atribuiu as dificuldades de crescimento a uma visão errônea do eixo Pelotas-Rio Grande por parte do governo estadual e à própria inércia da população. “Esta região não se desenvolve porque seu povo não quer e o governo não ajuda”, sentenciou. Massaú condenou o que classifica de um erro estratégico: a concentração do desenvolvimento na Grande Porto Alegre e nas regiões da Serra e do Vale do Sinos.
Já o diretor do Sinduscom em Pelotas, engenheiro Vittorio Ardizzone, destacou que Pelotas cada vez mais se consolida como uma cidade de serviços e apontou uma mudança dos parâmetros industriais da região e o surgimento de uma nova massa crítica, a partir de investimentos como o polo naval e a construção do dique seco, em Rio Grande. Atribuiu as dificuldades do processo de expansão industrial às questões referentes à faixa de fronteira e criticou a falta de representatividade política da região, pequena e pouco comprometida com as realidades locais. Ardizzone concorda que parte da postura das lideranças regionais está relacionada a questões étnicas e de herança cultural.
debate-banners.jpg “Será que os gaúchos não terão a inteligência de desconcentrar a economia e descobrir a potencialidade do eixo que leva ao Superporto?”, questionou o empresário Fernando Estima, representante do grupo Aliança Pelotas, lembrando que 70% do PIB gaúcho já está em três por cento do Estado. Segundo ele, não há mais ambiente para cometermos os mesmos erros. “Temos excelentes lideranças, mas não há um projeto comum”, admitiu, criticando a falta de unidade na região.
De sua parte, o reitor da UFPel, professor Antonio Cesar Gonçalves Borges, descreveu o processo de crescimento da instituição e sua visão de estender as ações da Universidade às áreas de fronteira. “Para mim, região é o pampa, englobando não somente a Metade Sul, mas o norte do Uruguai e, por questões culturais ou históricas, um pedaço da Argentina”, enfatizou. Cesar Borges citou os recursos obtidos pela Universidade junto à esfera federal. “De recursos do Tesouro, este ano obtivemos R$ 297 milhões, valor acrescido de mais R$ 15 milhões, correspondente a projetos apresentados ao governo federal, apenas em investimentos. Se considerarmos manutenção, despesas com pessoal, etc, chegaremos a R$ 325 mil em um ano”, relatou, lembrando que projetos já aprovados propiciarão, nos próximos dois anos, mais R$ 52 milhões em investimentos.
O reitor da UFPel descreveu as ações da instituição voltadas à diversificação na oferta de cursos, procurando suprir as novas tendências de desenvolvimento da região, como a criação das novas engenharias e as pesquisas nas áreas de biotecnologia e nanotecnologia, amparadas pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico. Ele salientou a necessidade de investimento na educação ambiental.
“Estamos sendo muito lentos, precisamos nos unir mais”, criticou Cesar Borges em outro momento do debate, referindo-se aos problemas da região. Ele apresentou a idéia de criação de uma rede de pesquisadores, prontamente encampada pelo gerente de jornalismo da Rádio Gaúcha, Cezar Freitas, presente ao debate. O reitor também aceitou o desafio de criar na Universidade uma Escola de Política, capaz de formar lideranças com uma nova consciência política. Entre os projetos citados, um dos mais destacados e que encontrou coro junto aos demais debatedores foi o da Hidrovia do Mercosul, liderado pela UFPel e já protocolado no Ministério dos Transportes, que conta com o apoio do governo uruguaio, mas se ressente de um impulso político para se tornar realidade.
Entre os outros temas trazidos ao debate está a viabilidade de criação de um polo carboquímico, capaz de gerar mil empregos diretos e dois mil empregos indiretos - proposta pelo professor Luis Eduardo Novaes - ; a reativação do modal ferroviário; e a aprovação da lei geral das pequenas e grandes empresas.

Seção: Notícias