Estão programados para o dia 22 de agosto mais dois exames de qualificação no Programa de Pós-Graduação em Meteorologia da UFPel. Às 9h ocorre a qualificação de Dionis Blank, com o trabalho Relação entre a concentração de gelo nos oceanos vizinhos ao Pólo Sul e as anomalias de temperatura mínima no Rio Grande do Sul. A banca será formada pelos professores Júlio Renato Marques, Gilberto Diniz e Maurício Mata.
Conforme o pesquisador, a Antártica tem papel relevante no domínio da circulação atmosférica e oceânica. Há considerável modificação sazonal nas dimensões do gelo que circunda o continente Antártico. Contudo, essa variação ainda é desconhecida no que diz com a totalidade do continente Antártico, em que pese se considere que o gelo marinho Antártico é um elemento importante na análise do clima mundial. Desse modo, o intento principal deste trabalho é identificar a relação entre a concentração do gelo marinho Antártico e as anomalias de temperatura mínima diária do ar no estado do Rio Grande do Sul, diz Blank.
Nesse sentido, foram utilizados dados de temperatura mínima diária do ar das estações meteorológicas de Bagé, Bom Jesus, Iraí, Porto Alegre, Santa Maria e Santa Vitória do Palmar, no período de 1982 a 2005, escolhidas por contemplarem o eixo sudoeste-nordeste, no qual se dá a incursão das massas de ar de origem polar, bem como por apresentarem a série de dados mais completa, e informações de concentração de gelo para o mesmo período.
Segundo o pesquisador, as informações de temperatura mínima diária foram transformadas em freqüências de dias frios (percentil 30%) e dias quentes (percentil 70%), sendo posteriormente correlacionados com os dados de concentração do gelo marinho Antártico. A concentração média mensal do gelo marinho Antártico mostrou que os meses de fevereiro e setembro foram os que apresentaram concentração mínima e máxima, respectivamente. A correlação variou de sinal no Mar de Weddell tanto na classe fria como na quente, indicando uma possível resposta às variações da salinidade na região. “Tal variação também se deu na porção sul do Oceano Atlântico, principalmente na metade do inverno até a o inicio da primavera. Além disso, o Mar de Ross passou a se destacar na classe quente com sinal negativo de correlação bastante intenso, em especial na metade de outono até o inverno”, observou.
Para Blank, é importante salientar que até esta etapa se procurou trabalhar apenas com funções estatísticas a fim de verificar a existência de correlação entre as informações, além do seu sinal. “Assim, nas próximas etapas do trabalho se identificará o padrão predominante da concentração do gelo marinho por meio da aplicação da técnica das componentes principais, visando alcançar um modelo, analisá-lo e testá-lo como modelo prognóstico”, finalizou.
Às 14h, ocorre a qualificação de Guilherme Reinke, com o trabalho relações entre padrões sazonais da Rol e da TSM. A banca será formada pelos professores Júlio Renato Marques, Gilberto Diniz e Simone Erotildes Ferraz.
Segundo Reinke, conhecer e entender a variabilidade da precipitação tem suma importância, pois tal entendimento pode possibilitar estimar tendências predominantes de certas anomalias. No Centro Leste da América do Sul há atuação de vários sistemas tempo, como: sistemas frontais, complexos convectivos de mesoescala, vórtices ciclônicos em altos níveis, Zona de Convergência do Atlântico Sul, etc. A radiação de onda longa (ROL) é uma variável que auxilia na indicação da presença de nuvens nas camadas da atmosfera e dos principais sistemas dinâmicos associados à formação da precipitação.
O pesquisador diz que anomalias de ROL no topo da atmosfera permitem estudar a influência dos sistemas dinâmicos na variabilidade climática local. A relação oceano-atmosfera tem sido alvo de muitas pesquisas, que tem por objetivo principal compreender os impactos dessa interação na variabilidade climática terrestre. Portanto, a temperatura da superfície do mar (TSM), associada a ROL, pode auxiliar no entendimento das variações climáticas regionais.
“O trabalho tem por objetivo principal estudar as relações entre as anomalias de ROL no topo da atmosfera e as anomalias de TSM dos oceanos Atlântico e Pacífico Sul, através de Componentes Principais (CP), além da relação destas com a precipitação na América do Sul, nos meses de outubro a março do período de 1982 a 2007″, assinalou Reinke. Os resultados apresentados levam preliminarmente a concluir que a CP1 da TSM apresenta um padrão no Oceano Pacífico e a CP2 no Oceano Atlântico. A correlação entre os escores da CP1 da TSM e a CP1 da ROL foi alta e significativa a 1%, e mostra em dezembro, fevereiro e março padrões semelhantes, ou seja, convecção associada a Alta da Bolívia e redução ou aumento da convecção no Norte das regiões Norte e Nordeste do Brasil.
O pesquisador frisa que em outubro há uma relação com a intensificação ou desintensificação das frentes frias no Sul da América do Sul, em novembro com a redução ou aumento da atividade convectiva associada a ZCAS e Sul do Brasil, e em janeiro com a convecção no Noroeste da América do Sul.